Em apenas alguns minutos de duração, o longa de John Hughes não teme ser o que é e transmiti descaradamente a mensagem que o diretor pretende transmitir pelo filme através de uma das frases de David Bowie: "E as crianças em quem vocês cospem/Enquanto tentam mudar seus mundos/São imunes aos seus conselhos/Elas sabem muito bem/por aquilo que atravessam."
Sem mais delongas, o filme conta a história de cinco adolescentes: Andrew Clark (Emilio Estevez), Brian Johnson (Anthony Michael), John Bender (Judd Nelson), Claire Standish (Molly Ringwald) e Allison Reynolds (Ally Sheedy) que são obrigados a comparecer na escola num sábado para cumprir detenção. Obrigados pelo diretor Richard Vernon (Paul Gleason) a ficarem na biblioteca durante oito horas até escreverem uma redação de mil palavras, os estudantes começam, apesar de suas enormes diferenças, a se respeitarem, confiarem um no outro, e tornando-se, assim, amigos.
Tendo como principal público alvo os adolescentes, a produção acerta em todos os aspectos, principalmente nos técnicos — o diretor fecha a câmera nos rostos em momentos de tensão, e a abre em momentos de alívio. Porém, o mais importante que esse longa carrega é a sua mensagem. Conseguindo representar principalmente todos os aspectos característicos dos típicos adolescentes americanos, e sabendo trabalhar suas convergências em grupo, o longa faz com que qualquer espectador se apaixone facilmente pelo grupo de personagens principais e talvez se identifique com eles.
Porém, o mais importante aqui é o "vocês" aos quais Bowie se refere na mensagem que abre o filme. No início e ao longo da produção, esse "vocês" é abordado da melhor forma possível, deixando visível o que molda, principalmente, o comportamento do grupo de adolescentes que ficam confinados na biblioteca, e o que os influencia a determinado comportamento — em geral, a vida familiar, o peso no ombro que eles carregam, a iminente responsabilidade adulta e o único caminho para se livrar de todo esse compromisso, traduzindo visivelmente o "vocês" ao qual Bowie se refere. Esse pano de fundo que serve para o filme é um assunto muito delicado sobre as consequências do comportamento adolescente e o que as influencia — pelo menos na época atual — e Hughes tratou do assunto da melhor maneira possível. E, fazendo jus à frase de David Bowie, o longa termina de acordo com os seus versos.
A direção é excelente, e mesmo o roteiro sendo simples ele se aproveita de si mesmo apara abordar assuntos bastante interessantes e consegue executar toda a aproximação entre o grupo com maestria e excelência. Um dos pontos altos também pode se referir ao cenário, que tem como principal a biblioteca, e é aproveitado ao máximo, tornando a detenção, na verdade, a "casa" dos alunos.
O grupo de atores principais merece a devida atenção. Embora não tenhamos atuações brilhantes, cada ator consegue se encaixar perfeitamente em seu respectivo personagem. Desde Judd Nelson interpretando o punk valentão John Bender a Ally Sheedy dando seu carisma a misteriosa e cativante Allison Reynolds — que, para mim, apesar de poucos diálogos, consegue ser uma das melhores personagens.
A trilha sonora com as melhores faixas dos anos 80 forma uma química perfeita com o longa e dança com ele ao longo de seus aproximados 90 minutos.
Mesmo sendo, no geral, um típico filme adolescente de colegial, O Clube dos Cinco consegue aproveitar de todas as formas de si mesmo, transmite mensagens únicas, consegue cativar tanto o público adolescente quanto o adulto e se torna facilmente um dos melhores clássicos das últimas duas décadas e que se eternizará na história do cinema — na verdade, já se eternizou.
Nota: 8,8/10