O grande homenageado neste filme é o diretor austríaco Douglas Sirk, que teve como pontos altos de sua filmografia "Palavras ao vento", no qual denunciava a descriminação do homossexualismo em plena década de 50. E sabem quem estrelou "Palavras ao vento"? Pasmem, Rock Hudson, o protótipo da macheza naquela época. Os letreiros, os cenários, os figurinos nos dão a nítida idéia de que fomos transportados no tempo para os anos 50. Cathy Whitaker (Julianne Moore, belíssima como sempre) simboliza a típica dona-de-casa norte-americana. Tem um marido, Frank (Dennis Quaid), que é diretor de uma fábrica de televisores, dois belos filhos e uma casa maravilhosa. Ela chega a ser motivo de uma reportagem de uma revista feminina da época. O problema é que todo esse belo verniz guarda abaixo dele um grande drama, que atinge seu ápice quando Cathy vai levar alimentação para o seu marido, que teoricamente estaria trabalhando no seu escritório, e o flagra beijando um outro homem. Frank concorda em fazer um tratamento para a sua "doença". Por mais esforço que ele faça, fica evidente que ele não consegue abafar seu homossexualismo numa festa de final de ano em sua própria casa. Após beber exageradamente, falar um monte de bobagens para a esposa, tentar sem sucesso manter uma relação sexual com a esposa e, por último, agredí-la fisicamente, tudo indicava que Frank vivia uma crise de identidade sexual. Por sua vez, Cathy, desenvolve um relacionamento de amizade com Reymond (Dennis Haysbert), seu jardineiro, um negro, viúvo, conhecedor de artes plásticas, e o mais importante, muito sensível. Isso serve de mote para numa tacada só o diretor Todd Haynes falar de outro tema clássico de seu colega Douglas Sirk: a segregação racial. A atuação de Juliane Moore foi reconhecida no Festival de Veneza. E com todo o mérito.