Filmes com premissas que envolvem visões do além são tentativa-e-erro no geral. A maioria deles, erro. E Solace aumenta a lista de erros.
O problema com visões do além é que essas visões parecem arquitetadas, manipuladas para manter a trama em movimento. Quando o filme não define bem as regras das visões, toda visão que ocorre passa a sensação de ser conveniente demais ou forçada para gerar inconveniência ou ao personagem ou à trama.
Em Solace, os agentes do FBI Merriwether e Cowles pedem auxílio ao Dr. John Clancy, que também é um médium, na busca de um assassino em série. Clancy mais mostra como o FBI de Solace é ineficiente do que ajuda de maneira proativa — pelo menos no início!
Então, do nada, Clancy vira a Mãe Diná da clarividência. Solace não oferece nenhuma explicação plausível, Clancy apenas aumenta de nível depois de receber um fax especial.
Solace evita explorar melhor os buracos que deixa em sua trama, abandonando perguntas como “quais as regras da clarividência?” ou “por que em alguns momentos parece que os clarividentes enxergam tudo e, em outros momentos, enxergam nada?”
Conforme o filme avança, Clancy se torna insuportável. Se você sabe que alguém importante para você vai morrer, você não falaria? Eu sinto que eu tentaria tudo ao meu alcance para evitar essa morte, mas Clancy parece manter sua agenda própria de apatia direcionada.
O antagonista parece artificial quando descobrimos seus motivos. Existe toda uma ideia de conexão entre o antagonista e Clancy que, novamente, o filme não explora; quando o antagonista resolve aparecer, para quem estava sempre um passo à frente da polícia, seus motivos soam tolos, sem fundamento.
Por que Clancy resolve ajudar mesmo? Agora que penso, seus motivos também parecem tontos. Essa história de clarividência precisa de regras mais concretas.
Pelo menos a atuação é boa, convincente. Menos a de Farrell; artística demais, mas não é sua culpa. Ou o diretor ou os escritores criaram esse personagem de quadrinhos e colocaram ele num filme sério.