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    Presságios de um Crime
    Críticas AdoroCinema
    2,0
    Fraco
    Presságios de um Crime

    CSI: Medium

    por Bruno Carmelo

    A premissa deste filme traz elementos potencialmente interessantes no gênero do suspense policial: um assassino em série que não deixa pistas, dois investigadores competentes, e um vidente capaz de prever tanto o futuro quanto o passado, que passa a ajudá-los. A estrutura é simples: apresentam-se os crimes, seguem-se pistas falsas até tudo ser desvendado rumo ao final. Mas Presságios de um Crime não se contenta com o básico, acrescentando novas questões como uma reflexão sobre a eutanásia e a ética da vingança.

    A ousadia poderia representar uma qualidade dentro do sistema de estúdios, mas no caso, acaba prejudicando o projeto. Isso porque o roteiro não respeita a mínima coerência narrativa. Anthony Hopkins interpreta um vidente recluso que não sai de casa há anos, mas basta uma visita do amigo policial para ele retornar à ativa e dedicar seus dias inteiros ao caso. A investigadora psicóloga (Abbie Cornish) diz não acreditar em visões paranormais, mas algumas cenas depois ela faz consultas místicas com o vidente. O policial Joe (Jeffrey Dean Morgan) efetua seu trabalho com um sorriso no rosto, até revelar subitamente um trauma sombrio em sua vida.

    Outro elemento problemático em Presságios de um Crime é a construção da tensão. O assassino Charles Ambrose (Colin Farrell) sabe de tudo, prevê cada passo dos policiais com precisão. O controle total do vilão funciona como elemento anticlimático: se ele enxerga o futuro como um Deus, é evidente que os policiais não podem capturá-lo. O roteiro cria para si mesmo um empasse, e a única solução é criar outra incoerência, no caso, fazendo o homem onipotente errar nas horas convenientes. Enquanto isso, o vidente John (Hopkins) encosta a mão em cadáveres em visualiza exatamente a cena do crime, com riqueza de detalhes, mas quando os policiais lhe perguntam o que ele está vendo, a resposta é confusa: “Não sei ao certo”. Como assim, se o espectador acabou de enxergar inclusive a arma do crime?

    Não são poucas as falhas deste suspense. Grande parte delas vêm do roteiro que se perde no caminho e aposta no melodrama para unir todos os fios soltos. O diretor Afonso Poyart, que recebeu a tarefa de tornar esta história interessante, tenta imprimir ritmo da maneira que já tinha mostrado em 2 Coelhos: com explosões, câmeras lentíssimas, enquadramentos angulados, movimentos improváveis de câmera, efeitos espetaculares de luz, cor e som. Poyart não é um cineasta sutil: ele acredita no máximo de interferência e distorção da imagem como sinônimo de máximo prazer para o público. No entanto, a a repetição das visões multicoloridas de John é cansativa - as cenas de gotas caindo em câmera lenta ou casais caminhando de mãos dadas na praia lembram propagandas de laticínios e seguro de vida.

    O elenco, perdido no caminho, faz o que pode. Anthony Hopkins é sempre muito confiável, e consegue transmitir força no olhar quando relembra um caso doloroso em seu passado. Jeffrey Dean Morgan e Abbie Cornish também alternam com facilidade entre o humor das piadas deslocadas e o tom profundamente solene que o roteiro impõe nos momentos de perseguição. Apenas Colin Farrell está muito fraco em cena, sem saber qual tom imprimir ao vilão. Presságios de um Crime pode proporcionar uma sessão razoável, mas pouco memorável. O projeto incomoda acima de tudo pelo desperdício de talentos e pela falta de um produtor capaz de dar coesão ao conjunto.

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