Imagina que você está em sua casa, e recebe pelo correio um carta dizendo “Um amigo muito próximo apagou você da memoria dele” partindo desse argumento que Charlie Kaufman cria um roteiro que é bem mais que um simples roteiro ele é um estudo sobre a beleza de amar, retribuir, odiar e esquecer, entrando na psique humana Charlie não chega a chegar no limite de sua ideia, mas ele a expõe e discute, alinhado com ótimos conceitos técnicos e ótimas atuações, temos um jovem cult que encanta a todos, conversa com a maioria, e emociona alguns. O tal falado roteiro de Charlie Kaufman conta a historia de um mundo a onde existe uma empresa denominada lacuna, empresa essa que apaga pessoas das suas memorias para você não sofrer por elas, habitando esse mundo existem Joel (Jim Carrey) e Clementine (Kate Winslet) , um casal apaoxonado que teima em querer esquecer um ao outro, parece um roteiro simples, mas ele vem de uma genialidade alinhada a uma completa simplicidade que toca, a partir de seu argumento Kaufman poderia elaborar um mega futuro, a onde diversos casais apagam, as consequências, etc, etc, etc. mas não Kaufman simplesmente conta a historia de um casal qualquer apaixonado. “Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças” nos mostra a força do amor, nos mostra a importância da dor, apagar uma pessoa da memoria e acabar com o sofrimento, não é evolutivo, aprendemos com a dor, com o sofrimento, pois mesmo apagando as memorias voltamos a cometer o mesmo erro –Como é mostrado 2x no filme- voltamos a nos apaixonar pelas mesmas pessoas, pois o sentimento de amor está além do compreensível, essa película é daqueles que devemos assistir em diferentes épocas das nossas vidas que com certeza teremos interpretações completamente diferentes, é um filme que irá sobreviver ao teste do tempo, pois seu tema estará sempre e será sempre um destaque pois é intrico ao ser humano, o brilho eterno do amor sempre brilhará em uma mente, mesmo que ela não saiba. Temos muitos méritos para Kaufman, mas não podemos esquecer de Michel Gondry que consegue reproduzir cinematograficamente o roteiro abstrato de Kaufman, com cenas que remetem a Lynch, Michel usa e abusa da câmera, com planos abertos e focados, brincando com a luz, desfocando e brincando com a dimensionalidade da tela, mantendo sempre uma paleta de cores azuis, a fotografia é o menos cameleão do filme, com uma trilha sonora linda e única, ele remete toda a alegria do descobrimento mesclado com a angustia e tristeza do esquecimento, apesar da confusa linha temporal, e de se perder constantemente eu seu ritmo, e até de tirar um pouco o clímax criado em sua historia secundaria, o filme tecnicamente encanta com seus recursos e traduções da psique humana, principalmente porque é simples e real. Parece que Jim Carrey e Kate Winslet estão trocados, Jim fazendo um personagem focado e centrado e Kate fazendo uma personagem risonha e desboca, divertida, curiosa e alegre, são 2 atores espetaculares, Jin consegue passar uma carga dramática incrível, e Kate está deslumbrante, além disso, temos um elenco em geral maravilhoso. Podemos concluir dizendo que a película vai além de uma obra cinematográfica comum, ela apela para o sentimento, ela não apenas apela, ela toca, causa a reflexão, é um filme que temos que assistir a cada 5 anos, a cada etapa da vida, veremos como teremos interpretações e reações diferentes do mesmo, por fim, temos uma obra que caminha junto ao linear da perfeição.