Baseado na peça do dramaturgo brasileiro Alfredo Dias Gomes, e dirigido por Anselmo Duarte, O Pagador de Promessas é uma parábola sobre a fé incondicional diante das adversidades. O enredo se desenvolve em torno de Zé do Burro (Leonardo Villar), um simplório camponês que tenta cumprir a promessa feita ao espírito que ele acredita ter salvado a vida de seu burro. Zé e a mulher Rosa (Glória Menezes) vivem em um sítio a 45 quilômetros de Salvador. Dentro do contexto da espiritualidade brasileira, Salvador simboliza um espaço religioso onde os rituais católicos e africanos se fundem de uma forma pacífica. Depois da milagrosa recuperação do burro, Zé parte em peregrinação carregando uma imensa cruz nas costas, que pretende colocar no interior da Igreja de Santa Bárbara. Sua vontade esbarra na intolerância do Padre Olavo (Dionísio Azevedo), que o expulsa do templo. Em seguida, a ingenuidade de Zé é explorada por uma série de personagens inescrupulosos. É tão cruel a visão da desumanidade exibida na tela que fica fácil de entender por que o melhor amigo de Zé é o burro. O filme é um poderoso libelo contra a rigidez da Igreja Católica diante da flexibilidade religiosa que caracteriza a cultura brasileira. O final é trágico, cruel e belo. Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, sua maior conquista foi a Palma de Ouro no Festival de Cannes em 1962. Obra-prima do cinema nacional.