Belo e cruel filme baseado no célebre romance de F. Scott Fitzgerald , em que a trama gira em torno de uma tese pronunciada por Daisy ( Mia Farrow) que esconde por detrás de um semblante doce e frágil , uma personalidade manipuladora e inescrupulosa ao extremo. A personagem afirma que moças ricas não casam com rapazes pobres. Ela , de certa forma , encarna o espírito frívolo e luxurioso de uma época marcada por grandes fortunas e pela decadência dos valores morais. Temas semelhantes foram abordados por Hemingway em "O sol também se levanta" . Fitzgerald e Hemingway foram representativos autores pertencentes à "geração perdida" . Merece destaque a atuação de Mia Farrow . Com diálogos contundentes e uma aura lasciva , o filme reitera a questão do poder e a perversa dinâmica entre casais de conveniência. Gatsby é o grande ingênuo do filme , ao lado da personagem vivida por Karen Black. Ele acredita no amor ; pensa ser capaz de desafiar o poder e se integrar a ele , por meio de sua fortuna conquistada ilegalmente. Porém, é apenas um aprendiz na arte de trapacear ; é um transgressor no sentido mais romântico da palavra. Daisy e seu esposo são dois mestres no que diz respeito a romper superficialmente , para logo em seguida recolocar tudo em seus velhos e tradicionais lugares. Eles se excedem nos jogos de sedução; fazem o que bem entendem, mas por fim, permanecem juntos porque são o ícone do poder. Por detrás das imagens esteticamente belas e delicadas , existe todo um horror moral subjacente , misturado de forma harmoniosa aos vestidos vaporosos das mulheres dos anos 1920 , que dançam ao som do jazz. Sensual, amargo, realista , revoltante.