Sinopse:
Francisca e Carlos lutam para se adaptar à nova realidade após o suicídio do único filho, Felipe. Mergulhados em fantasias, medos e melancolia, o casal se separa. Cada um a seu modo vivencia experiências radicais. Carlos se muda para o antigo apartamento de Felipe, alienando-se na vida do filho morto. Já Francisca, assombrada pela culpa, dedica-se a desvendar o enigma do suicídio.
Crítica:
"A Metade de Nós", dirigido por Flávio Botelho, é um filme que busca explorar a complexidade das relações humanas e as nuances do amor contemporâneo. A narrativa gira em torno de um casal que, enfrentando desafios pessoais e coletivos, tenta encontrar um meio-termo em suas vidas.
A cinematografia é um dos pontos fortes da obra. Os ângulos e a paleta de cores escolhidos ajudam a criar uma atmosfera introspectiva, refletindo a dualidade das emoções vividas pelos protagonistas. A fotografia é cuidadosa, e os cenários urbanizados de sua cidade representam bem a solidão e a conexão nas grandes metrópoles.
As atuações, destacando-se o casal principal, trazem uma química palpável, que permite ao espectador se conectar com a jornada deles. Os diálogos, em alguns momentos, foram bem construídos, oferecendo tanto leveza quanto profundidade. No entanto, existem cenas que parecem um tanto arrastadas, o que pode diminuir o ritmo do filme em alguns trechos.
Apesar de sua premissa instigante, o filme peca em alguns aspectos de ritmo e reviravoltas. Algumas resoluções parecem previsíveis, o que tira um pouco da intensidade emocional que a trama promete. O tema da busca por autodescoberta e realização pessoal é relevante, mas, em certos momentos, parece carecer de uma profundidade que poderia intensificar o impacto da histórias contadas.
Outra crítica é a escolha de alguns personagens secundários que, embora interessantes, não têm um desenvolvimento que justifique sua presença na trama. Eles parecem mais como caricaturas do que figuras que realmente contribuem para a evolução do enredo.
Em suma, "A Metade de Nós" é um filme que vale a pena ser assistido, principalmente por aqueles que apreciam histórias de amor contemporâneas com um toque de introspecção. É uma obra que, apesar de suas falhas, consegue provocar reflexões sobre relações e o autoconhecimento, deixando o público com uma sensação agridoce ao final.