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    Todo Tempo Que Temos
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    Todo Tempo Que Temos

    Andrew Garfield e Florence Pugh prometem fazer chorar nesse drama romântico no qual o spoiler não é um problema

    por Katiúscia Vianna

    Andrew Garfield e Florence Pugh são dois astros bem famosos na Hollywood moderna. Ambos são indicados ao Oscar, interpretam heróis da Marvel e possuem grandes legiões de fãs ao redor do mundo. Logo, juntá-los para um romance foi o suficiente para movimentar as expectativas do público online. Além de um cavalo bizarro que virou meme, mas isso é outra história. Porém, será que o carisma inegável da dupla é capaz de segurar Todo Tempo que Temos?

    Qual é a história de Todo Tempo que Temos?

    We Live in Time (no original) acompanha, de forma não linear, o relacionamento entre Almut (Florence Pugh) e Tobias (Andrew Garfield) - que são unidos por um acidente, mas acabam se apaixonando. Ao longo do filme, vemos vislumbres de suas vidas, desde o início inusitado do namoro, o nascimento de sua filha e até uma doença grave que ataca Almut; fazendo eles perceberem como o tempo é precioso.

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    E isso não é spoiler. Literalmente sabemos essas 3 principais informações em cerca de 10 minutos de filme. O grande debate ao redor da recente obra de John Crowley (Brooklyn) vai além de saber o que acontece. Qualquer pessoa, principalmente se for antenada em cinema, vai conseguir prever qual é o final. Mas será que esse é realmente o final? A partir de uma história de amor, a proposta do cineasta é discutir qual é o legado que vamos deixar neste mundo.

    Todo Tempo que Temos é uma comédia romântica… Com mais tendência pro drama

    O roteiro de Nick Payne não é o mais criativo do mundo, mas existe um motivo para clichês serem tão populares: eles funcionam! Então, mesmo prevendo o final, Todo Tempo que Temos traz quase todos os ingredientes necessários para entreter e conquistar o público.

    Para começar, parte do filme é executada como uma comédia romântica. Ela é uma determinada chef em busca do sucesso; ele é um empregado tímido de uma empresa de cereal que acabou de se divorciar. Algo inusitado acontece, os opostos se atraem e uma paixão é irresistível. Mas ambos têm visões diferentes sobre seus futuros - principalmente a questão de ter filhos ou não. A mudança de opinião dela nesse quesito me pareceu meio repentina demais, porém receber uma notícia capaz de mudar sua vida pode te fazer perceber algo que não notou antes, talvez?

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    Apesar das dificuldades, o filme encontra momentos de humor na vida do casal - desde o relacionamento curioso entre Tobias e seu pai, até aqueles clichês (olha eles aí novamente!) sobre como tudo pode dar errado, de maneira cômica, quando uma mulher está dando a luz. A cena do nascimento de Ella é, certamente, um destaque do filme, trazendo leveza tão necessária para uma história tão dramática.

    Alguém morre em Todo Tempo Que Temos? Essa não é a pergunta essencial

    O segundo ingrediente de Todo Tempo que Temos está bem ali no título. Por um lado, a ordem não linear da trama ajuda a se colocar no lugar desses personagens. Afinal, não lembramos do nosso passado na ordem das coisas; são os momentos importantes que voltam à mente repentinamente, seja por um dos nossos sentidos, ou até mesmo por uma situação semelhante. Isso também ajuda a equilibrar o humor e o drama na narrativa, para não pesar todo o drama da doença de Almut apenas no terço final do filme.

    Por outro lado, o que realmente conta aqui é a questão da mortalidade. Almut está tão determinada a aproveitar o máximo do presente, inclusive se envolvendo numa acirrada competição culinária, enquanto Tobias aceitaria sacrificar o presente em favor de um possível futuro. Mesmo com opiniões opostas, ambos surgem a partir do amor que sentem um pelo outro - e pela filha, é claro. Um dos momentos mais poderosos de Florence Pugh no longa é, justamente, quando sua personagem questiona quando é o legado que deixará para Ella.

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    Não é esse o maior medo de ser pai ou mãe? Mesmo sem nenhuma doença necessariamente, todos nós pensamos como ficarão aqueles que amamos depois que partirmos. Ensinamos o suficiente pros nossos filhos? Qual é a imagem que eles terão de nós? A única certeza que temos na vida é que, uma hora ou outra, a morte vai chegar. Então, o que fazer com o tempo que temos na Terra? Qualquer um pode se identificar com isso - e separar uma caixa de lencinhos para quando for assistir ao filme.

    Andrew Garfield e Florence Pugh brilham em Todo Tempo que Temos

    Por fim, o grande trunfo de We Live in Time são as performances de Florence Pugh e Andrew Garfield. Além da ótima química entre os dois, ambos se entregam para a obra, sabendo explorar as qualidades e fraquezas de seus personagens - tanto diante da euforia do amor até enfrentar uma situação impossível que ninguém deveria passar. Ninguém poderia imaginar que o amor entre Yelena Belova e Peter Parker seria assim, mas deve gerar algumas fanfics pelo mundo afora.

    É verdade que a personagem de Florence é bem mais aprofundada que Garfield, já que tanto sua vida pessoal quanto profissional estão no meio do furacão, digamos assim. Porém, o ator de Tick, Tick... Boom! consegue ser o parceiro de cena ideal para a complexa e passional performance de Pugh, entregando vulnerabilidade e carisma que desejamos ver num galã de romance.

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    A maior parte de Todo o Tempo que Temos é focado em seu casal principal, mas alguns coadjuvantes também conseguem cenas de destaque: Lee Braithwaite e Douglas Hodge apresentam bons momentos como assistente de Almut e o pai de Tobias. Também fica aqui uma saudação para Kerry Godliman e Nikhil Parmar - que interpretam as pessoas que você mais deseja ver numa lojinha de posto de gasolina.

    Qual é a mensagem de Todo Tempo Que Temos?

    A verdade é que Todo Tempo que Temos não é um filme perfeito. Nem todas as piadas encaixam da maneira que deviam, existem momentos previsíveis e até meio manipuladores; mas quando ele acerta, o faz com muita emoção. Tinha gente na minha sessão chorando depois de apenas algumas cenas. (Particularmente, eu chorei “somente” durante os 30 minutos finais!) Então, é bem provável que você também fique tocado por ele.

    Carregada por grandes performances de Florence Pugh e Andrew Garfield, essa é uma história poderosa, mas vista a partir de um prisma mais simples. Pois o tempo é assim: um dia comum pode se tornar o dia mais importante da sua vida, e tudo pode mudar em apenas um segundo. O importante é perceber o que podemos fazer enquanto ainda temos tempo. E a resposta por trás dessa questão também é simples: amar.

    *O AdoroCinema assistiu ao filme no Festival do Rio 2024

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