Sorria 2: Entre gritos e surtos, Naomi Scott brilha em sequência maior e mais violenta
por Bruno Botelho dos SantosLançado em 2022, Sorria foi uma grande surpresa para os fãs de terror. Com o conceito sinistro da “maldição do sorriso” e uma narrativa cheia de sustos, o filme de Parker Finn inspirado no curta Laura Hasn't Slept (2020) se tornou um sucesso de bilheteria na sua passagem pelos cinemas, arrecadando mais de US$ 217 milhões mundialmente – com orçamento de apenas US$ 17 milhões. Dois anos depois, o diretor retorna com Sorria 2, uma sequência maior e mais alucinante que o original.
Em Sorria 2, a estrela pop Skye Riley (Naomi Scott) tenta escapar da maldição do sorriso. Prestes a embarcar em uma turnê mundial, ela começa a viver experiências aterrorizantes e inexplicáveis após presenciar a morte de um colega do ensino médio, Lewis Fregoli (Lukas Gage). Tomada pelo horror e pela pressão da fama, Skye é forçada a confrontar seu passado para retomar o controle de sua vida antes que seja tarde demais.
Baseado no curta Laura Hasn't Slept, o diretor e roteirista Parker Finn apresentou a “maldição do sorriso” em Sorria. Causada por uma entidade maligna, ela persegue a vítima com alucinações e visões terríveis de pessoas sorrindo de forma macabra e, após alguns dias, faz com que ela cometa suicídio na frente de outro, que vira o próximo hospedeiro. Uma ideia que, por mais que não seja tão original e siga o conceito viral de Corrente do Mal (2014), foi executada de forma eficiente no filme de 2022, com sustos simples, mas certeiros em apavorar o público.
Enquanto o longa original ficou um pouco preso na necessidade de explicar os conceitos da maldição, Sorria 2 se beneficia de uma liberdade para brincar e surtar completamente dentro desse universo de terror. Por isso, a continuação se leva menos a sério, com uma narrativa mais divertida, intensa e sangrenta.
É interessante como Sorria trabalha o terror sobre trauma em aspectos mais diretos e viscerais, mas suas discussões sobre saúde mental não foram necessariamente profundas. Um dos maiores acertos da sequência é como a relação entre maldição e história da protagonista Skye Riley (Naomi Scott) é entregue de uma maneira natural, impactante e totalmente relacionável, trazendo uma discussão bem elaborada na trama sobre a pressão que os artistas sofrem na indústria em busca da fama.
A direção de Parker Finn, ao lado do diretor de fotografia Charlie Sarroff, usa muitas situações desconfortáveis com os sorrisos macabros, alternando entre assustador e cômico, e caminhando cada vez mais ao extremo. As cenas violentas e sangrentas de mortes crescem conforme Skye Riley é afetada psicologicamente e seu estado mental piora.
É claro que o filme não reinventa a roda, mas usa inteligentemente as bases construídas no primeiro para ir além, tanto na intensidade das cenas de terror, assim como uma trama mais descontraída e consciente com suas pretensões.
A atriz Naomi Scott interpreta Skye Riley em Sorria 2. Conhecida por Power Rangers (2017), As Panteras (2019) e, especialmente, como princesa Jasmine no live-action de Aladdin (2019), ela carrega o filme nas costas com uma atuação diferente de tudo que ela já fez na carreira – e, possivelmente, seu melhor trabalho nas telonas até agora.
Skye Riley é uma cantora pop que passou por um momento traumático há um ano, sobrevivente de um acidente de carro que matou seu namorado (também cantor). Agora, ela tenta recuperar sua carreira longe do álcool e drogas, se preparando para sua volta aos palcos em uma nova turnê. Naomi Scott impressiona com essas nuances de instabilidade da protagonista, assim como suas performances em números musicais, seja nas coreografias ou soltando a voz para valer na produção.
O roteiro de Parker Finn é certeiro ao usar a maldição para explorar as fragilidades psicológicas de Skye Riley. Enquanto tenta retomar o sucesso em sua carreira como cantora, ela precisa lidar com as pressões na busca pela fama e enfrentar seus próprios traumas internos. É até bastante macabro a questão do sorriso aqui, dialogando também com essa necessidade imposta a ela de sempre estar sorrindo aos olhos do público e dos fãs
Por isso, quando a personagem entra em contato com esses elementos de terror, se afunda em uma espiral de colapso mental – com direito a várias cenas intensas de surtos e gritos protagonizadas por Naomi Scott.
Isso também faz com que Parker Finn brinque bastante com a confusão entre fantasia e realidade, mas o filme acaba se tornando um tanto repetitivo ao longo de suas mais de 2 horas. O espetáculo é aproveitado pelo filme principalmente em uma cena de musical, mas fica um gostinho amargo de que eles deveriam ter aproveitado mais cenas da protagonista no palco.
Por mais que não seja tão inventivo, Sorria 2 se aproveita muito bem dos conceitos introduzidos no original, apresentando uma nova história de maldição que é maior, mais intensa e violenta que o original. Comandado por uma atuação impressionante de Naomi Scott, o filme acompanha a espiral de colapso mental de uma cantora pop na busca pela fama, com cenas divertidas e brutais, entre sustos e gritos da protagonista.
Se você é fã de Sorria, a sequência de Parker Finn prova o potencial desse universo para contar novas histórias independentes e assustadoras envolvendo a sinistra maldição, e provavelmente irá render novos frutos macabros no futuro. Então, sorria…