Mais uma vez, ao deter um invejável conteúdo e performances artísticas, “Perfume de Mulher” comprova que existem sim obras admiráveis, as quais não necessitam se submeter a escandalosos efeitos especiais, atos libidinosos ou scripts extremamente complexos. Tal drama relata a história de um ex-militar cego (Tenente Coronel), Frank Slade, estrelado por Al Pacino, o qual através de uma vida amargurada, se afasta de todos por meio de constantes atos egoístas, grosseiros e excessiva arrogância. Sua antipatia é tamanha que a proximidade “física” com sua família, torna-se em uma “distância” sem precedentes. Desta forma, sendo considerado até como um “fardo” para os mesmos.
Paralelamente, conhecemos Charlie Simms (Chris O’Donnel), estudante bolsista de uma renomada universidade, o qual sobrevive financeiramente por “bicos”. Garoto simples, ingênuo e esforçado, o que devido a estas características, outros de índole esnobe, se aproveitariam posteriormente.
Em um dado momento desta trama, a família de Frank necessitaria viajar e precisaria de uma “companhia” para ele, com isso, Charlie enxergou uma oportunidade monetária para angariar fundos, uma vez que pretendia visitar seus pais em outro Estado. Desta maneira, ao unir dois mundos distintos, descobrimos que o ex-militar iria se aproveitar de tal “descuido” de seus entes, viajaria para Nova York e tomaria atitudes planejadas a tempos, de teor individualista e, aparentemente, até suicidas. Com isso, em consequência de ações já idealizadas por Frank, adjacentes ao altruísmo, objetivismo e simplicidade do universitário, o enredo toma amplitudes dramáticas e tensas, onde princípios divergentes interagem de forma inesperada e comovente.
Após tal abrangência sobre o melodrama vivido pelos personagens, o sucesso conceitual já era, de certa forma, esperado, porém, Al Pacino não se contentou com apenas uma excelente história e fez deste filme, uma obra memorável. O ator, não só demonstrou perspicácia e profissionalismo ao interpretar um cego, como também se identificou pelo desgosto à própria vida, fazendo-nos crer que a realidade era meramente uma transparência cinematográfica.
Somando-se a exuberante personificação áspera de um deficiente visual, “Perfume de Mulher” ainda contou com um dos quadros mais marcantes já relatados nos cinemas, onde o mesmo, ao som de “Por Una Cabeza” (tango) dança de forma magnífica, envolvente e emocionante. Deste modo, através de uma atuação esplêndida e realização divina de uma cena eternizada no mundo dramaturgo, Al Pacino não fez por menos e conquistou seu primeiro Óscar como melhor ator.
Dito isto, por meio deste exagero de competência e dedicação, não só pelos personagens, mas como pela produção e direção, “Perfume de Mulher” reúne todas peculiaridades inerentes a uma trama inesquecível, a qual independente do ano, momento ou evolução tecnológica, sempre será bem apreciada por telespectadores de gostos apurados. Nota 5,0!!!