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Kamila A.
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4,5
Enviada em 7 de agosto de 2023
Conseguir um furo jornalístico é o equivalente a um gol para os profissionais da comunicação. No caso particular de Valmir Salaro, naquele final de março de 1994, o furo se revelaria o pior erro de sua carreira como jornalista. Foi ele o primeiro jornalista a noticiar o caso que ficou conhecido como “Escola Base”, no qual os proprietários de uma escola infantil foram acusados de abuso sexual contra dois alunos da instituição.
Existe um ditado que diz que “todo mundo é inocente até que se prove o contrário”. A frase não valeu para os acusados neste caso. Os casais Icushiro e Maria Aparecida Shimada e Paula Milhim Alvarenga e Maurício Monteiro de Alvarenga foram condenados publicamente pela imprensa e pelo público. Sem direito à defesa.
O documentário “Escola Base: Um Repórter Enfrenta o Passado”, dirigido por Caio Cavechini e Eliane Scardovelli, coloca o foco em cima de Salaro, jornalista que fez a sua carreira na cobertura de casos policiais e personagem importante na condução do episódio “Escola Base”, para fazer um estudo sobre este acontecimento e permitir também, de uma certa maneira, a expiação de qualquer culpa que Salaro tenha em relação ao seu papel nesta crucificação pública.
Quem foi estudante de Jornalismo, com certeza, estudou o caso “Escola Base” em alguma disciplina, principalmente aquelas relacionadas à ética jornalística. “Escola Base: Um Repórter Enfrenta o Passado” é um reflexo de todo o peso que Salaro carrega nas costas. Seu maior equívoco, talvez, seja reconhecer somente o papel da imprensa (representada pelo jornalista) neste infortúnio.
O caso “Escola Base” foi o resultado de um erro geral cometido pela imprensa, pela polícia, pelas mães acusadoras, pelo público que julgou… O documentário “Escola Base: Um Repórter Enfrenta o Passado” é uma tentativa interessante - e corajosa - de inocentar, mais uma vez, publicamente os envolvidos. Além de ser um lembrete importante a nós, jornalistas, e, por quê não, ao público também: precisamos exercer sempre os nossos papeis com responsabilidade, com os fatos e, principalmente, com as vidas humanas envolvidas nele.
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