Após o aclamado sucesso de "Pobres Criaturas", que consagrou Yorgos Lanthimos com o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado e rendeu a Emma Stone o prêmio de Melhor Atriz, o público aguardava com ansiedade seu próximo projeto. No entanto, "Tipos de Gentileza" chegou às telas com uma rapidez surpreendente, uma vez que diretores do calibre de Lanthimos geralmente tomam mais tempo entre lançamentos, mesmo que suas produções não sejam grandes empreitadas orçamentárias. Essa agilidade provocou estranheza desde o início e deixou muitos se perguntando sobre o que estava por vir.
Assim que o filme começa, a razão para essa pressa se torna evidente: "Tipos de Gentileza" é um experimento ousado do diretor, que mergulha ainda mais fundo em sua marca registrada de cinema desconcertante. Neste longa, Lanthimos opta por reunir três narrativas distintas em um único filme, desafiando a estrutura tradicional do cinema. Como de costume, ele se cerca de sua "galera de confiança" — um elenco já familiarizado com seu estilo único — e juntos, eles se entregam de corpo e alma a este projeto não convencional. É plausível acreditar que este filme só ganhou luz verde graças à moral adquirida por Lanthimos após sua vitória recente no Oscar.
Mas será que esse experimento deu certo? Em muitos aspectos, sim. Para aqueles que acompanham a carreira do diretor, "Tipos de Gentileza" é uma espécie de coletânea de curtas-metragens onde Lanthimos abusa do desconforto, explorando temas sociais profundos e provocativos. Com cada narrativa girando em torno de 40 minutos, o diretor demonstra sua habilidade inigualável em criar ambientes e situações que, apesar de perturbadores, mantêm o espectador intrigado, ansioso para ver até onde essa "loucura" o levará. Jesse Plemons, em especial, brilha ao transitar por essas três histórias, demonstrando uma versatilidade e carisma que o tornam o ponto alto do filme.
Contudo, nem tudo são flores. Embora o conceito seja interessante, a execução pode ser cansativa. Com quase três horas de duração, "Tipos de Gentileza" se arrasta em alguns momentos, tornando-se uma experiência maçante, especialmente para aqueles que não estão familiarizados com o estilo de Lanthimos. O filme poderia funcionar melhor como uma série de curtas em um catálogo de streaming, onde cada segmento pudesse ser apreciado individualmente, ao invés de ser condensado em uma única maratona cinematográfica.
Para os fãs dedicados do diretor, "Tipos de Gentileza" será uma experiência rica, quase como um "especial Yorgos Lanthimos", onde ele explora suas temáticas favoritas em formato condensado e experimental. Porém, para o público em geral, especialmente aqueles que esperam a mesma grandiosidade e impacto de "Pobres Criaturas", a experiência pode ser decepcionante. Lanthimos se arrisca ao desafiar as convenções cinematográficas, e embora o resultado final seja polarizante, é inegável que "Tipos de Gentileza" reforça sua posição como um dos cineastas mais audaciosos e inovadores da atualidade.