Trinta e cinco anos separam as duas linhas narrativas nas quais “Além do Tempo”, filme dirigido por Theu Boermans, acontece. Nelas, passado e presente se unem para contar a história de Lucas (Reinout Scholten van Aschat, quando jovem; e Gijs Scholten van Aschat, quando idoso) e Johanna (Sallie Harmsen, quando jovem; e Elsie de Brauw, quando idosa), casal que está, ao lado do filho Kai (River Oosterink), em uma viagem de barco pelo Atlântico.
Uma tragédia pessoal transforma a existência e o relacionamento dos dois, fazendo com que ambos, nas palavras de Lucas, morram em vida. Assim como a ópera que Lucas cria, o roteiro de Marieke van der Pol é dividido em atos que retratam os ciclos que se seguem após a tragédia: o luto, que cada um vive à sua maneira; a redescoberta da vida; o fim e o reencontro.
“Além do Tempo” é um filme, portanto, sobre a dor e como é difícil, algumas vezes, encarar todo o sofrimento que ela nos traz. Se, a princípio, fugir parece ser o melhor negócio, o que “Além do Tempo” nos ensina é que encarar a verdade dói, mas este é um mal necessário para que a vida siga o seu curso.