É complicado analisar um filme como esse...Se você se imaginar vendo uma cinebiografia de um vilão malvadão como, digamos, um LOKI da vida, não há maiores problemas, porque o negócio, e isso não há como negar, é muito bem feito. Agora, se formos analisá-lo de forma mais profunda, seus grandes defeitos, sem trocadilhos, abundam. O CONDE, até pelo personagem que retrata, é um filme político, quer queira quer não, e, ao tratar esse mesmo personagem de forma caricata, sem camadas e unidimensional, despolitiza a política e faz o jogo do status quo. O golpe no Chile e a carnificina que se seguiu aconteceram apenas pela vontade do carrasco Pinochet, e somente dele, de acabar com os "malditos" comunistas que estavam querendo implantar o comunismo no Chile, o filme parece dizer nas entrelinhas. A complexidade e as nuances da situação, e mesmo personagens tão importantes, talvez até mais, para a derrubada e posterior suicídio de Allende, como Nixon e o nefasto, que põe Pinochet no chinelo em termos de maldade, Henry Kissinger, desaparecem da narrativa. E dou um doce à quem adivinhar o motivo!!! Se até Thatcher deu às caras como mãe em uma licença poética, por que Reagan não nos deu a honra de sua desagradável presença como pai? Já que estamos no terreno da fantasia, tudo é possível, não? Novamente, dou um doce à quem adivinhar o motivo!! Tenho certeza absoluta que a NETFLIX correria do projeto se algo próximo disso estivesse sugerido no roteiro. Então, depois dessa conversa toda, a conclusão que chego só pode ser uma: O CONDE, apesar de bonitinho, é muito ordinário!