"Saltburn", dirigido por Emerald Fennell, é uma obra cinematográfica que captura a atenção por sua audácia e pela complexidade de suas camadas narrativas. A trajetória do personagem principal, Oliver Quick, interpretado com maestria por Barry Keoghan, é um estudo fascinante da ambição humana e da manipulação social. Keoghan, conhecido por interpretar personagens marginalizados e enigmáticos, entrega uma performance que é ao mesmo tempo perturbadora e magnética.
Visualmente, o filme é uma verdadeira obra de arte. A cinematografia de Linus Sandgren é particularmente notável, trazendo uma beleza estética que complementa perfeitamente a narrativa. A relação de aspecto escolhida por Fennell, além de seu uso inteligente de luz e sombra, contribui significativamente para a atmosfera tensa e claustrofóbica do filme. Cada cena é meticulosamente enquadrada para intensificar a narrativa e aprofundar a compreensão do espectador sobre os personagens e suas motivações.
O roteiro é habilidoso em criar uma narrativa que é simultaneamente uma sátira mordaz da alta sociedade e um drama psicológico envolvente. A história, que começa em Oxford e se desenrola na opulenta mansão de Saltburn, é uma teia complexa de mentiras, segredos e manipulações, onde cada personagem esconde mais do que aparenta.
No entanto, "Saltburn" não está isento de falhas. A tentativa de Fennell de equilibrar humor negro com drama profundo às vezes resulta em uma desconexão tonal que pode distrair o espectador. Além disso, algumas cenas, especialmente aquelas que envolvem fluidos corporais e depravação primal, podem ser percebidas como bizarras e desnecessárias. Essas cenas, embora possam ser vistas como uma tentativa de ilustrar a natureza vampírica do personagem central, parecem deslocadas e podem afetar a imersão do espectador na história.
Em suma, "Saltburn" é um filme que, apesar de tecnicamente impressionante e narrativamente ambicioso, sofre de inconsistências que podem ofuscar seu brilho. As cenas bizarras, em particular, parecem um excesso desnecessário, que não apenas falham em contribuir para a narrativa, mas também distraem da complexidade e profundidade que o filme tenta alcançar.