"Ghostbusters: Apocalipse de Gelo é um filme simples, nostálgico e divertido."
Ghostbusters foi lançado em 1984 e acabou se tornando muito famoso, remetendo à década de 80 e servindo de inspiração para muitas obras que buscavam capturar essa atmosfera da época. Em 2016, houve uma tentativa de reboot da franquia com protagonistas femininas, porém o resultado não foi positivo, e muitos fãs não gostaram do filme. Então, em 2021, foi lançada uma sequência dos filmes originais, Ghostbusters: Mais Além, introduzindo novos personagens, mas preservando os clássicos. O resultado foi bastante positivo, e devido ao sucesso decidiram produzir uma continuação.
Qual a História de Ghostbusters: Apocalipse de Gelo?
A família Spengler retorna para onde tudo começou: a famosa estação de bombeiros em Nova York. Eles pretendem se unir com os caça-fantasmas originais que desenvolveram um laboratório ultra secreto de pesquisa para levar a caça aos fantasmas a outro nível, mas quando a descoberta de um artefato antigo libera uma grande força do mal, os Ghostbusters das duas gerações precisam juntar as forças para proteger suas casas e salvar o mundo de uma segunda Era do Gelo.
O roteiro é bom. Enquanto em Ghostbusters: Mais Além (2021) os personagens clássicos têm apenas uma participação especial, neste filme eles têm papéis mais importantes, especialmente Ray (Dan Aykroyd) e Winston (Ernie Hudson). Já Peter Venkman (Bill Murray) aparece por menos tempo. Ray é quem tem mais destaque na narrativa, ele possui uma loja paranormal e continua envolvido com o mundo sobrenatural, desejando continuar caçando fantasmas. Por isso mesmo, ele ajuda os novos caçadores de fantasmas na investigação do vilão do filme. Winston usa seu dinheiro para financiar os Ghostbusters e pesquisar sobre fantasmas. Já Venkman não tem nenhum desenvolvimento; ele aparece na cena em que estão estudando o Nademm( Kumail Nanjiani)para descobrir se ele é humano ou não, e também aparece no clímax, e só. Ele deveria ter tido mais destaque, especialmente por ser um personagem muito carismático.
Dos personagens introduzidos em Ghostbusters: Mais Além(2021), quem se destaca é Phoebe (Mckenna Grace), tendo um ótimo desenvolvimento e sendo uma das melhores coisas do filme. No início da história, os Ghostbusters causam um pequeno acidente ao tentar capturar um fantasma, levando a mãe de Phoebe(Carrie Coon) a proibindo-a de ser uma Ghostbuster, o que a deixa frustrada. Após esse incidente, Phoebe conhece uma fantasma chamada Melody( Emily Alyn Lind) com quem desenvolve uma relação de amizade bem trabalhada. A partir desse relacionamento e de sua jornada, vemos Phoebe amadurecer. É muito interessante ver sua vontade de seguir os passos de seu avô Egon Spengler, especialmente por ser a mais inteligente dos novos Ghostbusters.
Outro personagem que se destaca e tem um bom desenvolvimento é Nademm (Kumail Nanjiani), que funciona como alívio cômico e também desempenha um papel importante na luta contra o vilão. O antagonista é uma grande ameaça, provavelmente a maior que os Ghostbusters já enfrentaram, levando os veteranos se unirem aos novatos. Esse vilão é poderoso a ponto de as mochilas de prótons não o afetarem. No entanto, aqui reside um dos problemas do filme: o protagonista encontra uma solução para derrotar o vilão de maneira muito simples, o que é anticlimático. Dado o poder e a força do antagonista, deveria haver uma dificuldade maior em encontrar sua fraqueza, o que aumentaria a sensação de perigo para os personagens.
O filme está repleto de referências aos outros longas da franquia. Ele sabe exatamente o que é: algo simples e nostálgico, e em nenhum momento tenta ser algo além disso.
Os eventos do filme acontecem na cidade de Nova York. Enquanto o longa anterior se passa em uma cidade do interior, nesta sequência vemos o retorno dos Ghostbusters a Nova York. Na cidade, encontramos cenários icônicos dos filmes clássicos, como a estação de bombeiros que serve de base para os Ghostbusters, e também a biblioteca onde os membros originais avistaram seu primeiro fantasma.
Os figurinos dos personagens consistem nos clássicos macacões com o nome do personagem e o símbolo dos Ghostbusters em uma das mangas.
A fotografia do filme é boa. São bastante utilizados planos detalhes que são bem empregados para mostrar objetos e isolar elementos importantes para a narrativa. Há o uso de planos gerais em momentos nos quais os personagens estão em movimento, servindo para contextualizar o espectador sobre o que está acontecendo e ressaltar a dimensão da situação. Para mostrar como os personagens estão e suas reações aos eventos, são usados planos fechados destacando as expressões faciais dos atores.
A câmera se move em vários momentos, e esse movimento é bem executado. O uso de Travelling é frequente, especialmente nas cenas de ação, onde o movimento ajuda a mostrar com clareza o que está acontecendo.
A edição é boa. Logo na primeira cena, temos um flashback de um evento que ocorreu em 1902, o qual já nos dá uma ideia do que será o filme. A montagem proporciona um bom ritmo e dinâmica à obra. Em vários momentos, são utilizados cortes ‘cutaway’, que consistem em um corte da ação principal para um objeto e, em seguida, volta para a ação. Esses ‘cutaways’ são muito bem utilizados, dando contexto às cenas e aumentando a dramaticidade.
A trilha sonora é boa, sendo bastante semelhante à do seu filme antecessor, o que contribui para criar uma ambientação misteriosa e paranormal. Nas cenas mais tensas, a música ajuda a aumentar essa tensão, dialogando perfeitamente com o que está acontecendo na tela.
Os atores trabalham bem, principalmente Mckenna Grace, Kumail Nanjiani, Emily Alyn Lind e Dan Aykroyd. Mckenna Grace entrega uma ótima performance como Phoebe, conseguindo mostrar de forma convincente o processo de amadurecimento de sua personagem. Ela também transmite muito bem a indignação que Phoebe sente por ter sido proibida por sua mãe de ser uma Ghostbuster. Kumail Nanjiani tem uma atuação muito boa, trazendo um timing cômico ótimo que contribui para tornar o filme mais leve. Emily Alyn Lind consegue expressar claramente os desejos de sua personagem e desenvolve uma química envolvente com Mckenna Grace. Dan Aykroyd se destaca entre os atores originais, não apenas por ter mais tempo de tela, mas também por conseguir retratar seu personagem de forma autêntica, fiel ao que conhecemos.
A direção do filme é boa. O diretor, Gil Kenan, consegue criar uma ótima ambientação para o longa, sabendo muito bem intercalar os momentos de alívio cômico com situações sérias e sombrias. A direção tem uma compreensão clara do que o filme é e nunca tenta ser algo além disso, resultando em uma obra divertida e nostálgica.
Bem, Ghostbusters: Apocalipse de Gelo é uma obra que busca proporcionar diversão e nostalgia ao espectador, e consegue cumprir essa proposta muito bem. No geral, é um bom filme que certamente irá agradar os fãs da franquia.