América, a arte da pilantragem rs Vamos adiantar que o filme vale a pipoca. A fotografia é boa, tem ritmo, o enredo e o roteiro funcionam e o romance engata (apesar da fraca interpretação do GI JOE), mas o que existe de realmente interessante no filme é o jogo de linguagem que se "repactua" a partir do terceiro ato. Desde o começo somos apresentados a, digamos, uma espécie de "arte" do marketing, da enganação, da tapeação, das coisas todas que se podem vender - sob a perspectiva da América, um lugar onde marketing e política são quase a mesma coisa. Já a Lua é uma coisa que só pode ser vendida por quem for dono do mundo. Ou melhor dizendo, um "novo mundo", depois de frio, só pode ser vendido por quem for dono da lua... Bem, é assim que na prática, o filme vai nos dizendo até o fim do segundo ato algo como: "veja, é óbvio que não pisamos na lua com a Apollo 11, mas que iríamos de qualquer jeito antes dos russos". E então, como uma súbita virada, aludida em fuga pela nossa mestra do trambique, ingressamos em um terceiro ato que desarticula sucessivamente esse "pacto", junto com seu roteiro, através de soluções esdrúxulas uma atrás da outra, para nos dizer quase que explicitamente: "bem, esse é o limite que podemos sustentar, agora vocês devem comprar esta sucessão de gambiarras e sincronias incoerentes para não sermos todos tolos o bastante de reescrever a história - seja lá mentira ou verdade, duvidada ou acreditada". E o mais interessante é como o filme acaba sendo um retrato dos nossos dias, em perspectiva tal como a Terra pode ser vista da Lua. Alguém pode duvidar, por exemplo, da capacidade do atual presidente dos E.U.A. caminhar? Sem dúvida não faltam "Moes" pelo mundo, porém este nosso Séc. XXI não anda cabendo em nenhum estúdio, em nenhum ambiente controlado. Enfim, os Russos sempre avisaram. Eles se parecem com o gato preto indo para o outro lado, enquanto o espectador pode terminar o filme mediante o sorriso da venda, a lábia combinada e a bandeira fincada. Mas o grande passo sempre foi duvidar.