O filme começa como uma grata surpresa, com um ritmo frenético e um soco no estômago dessa sociedade etarista, especialmente no que diz respeito às mulheres. Demi Moore brilha no início, e o filme claramente faz alusão à sua própria trajetória em Hollywood. Uma atriz que começou com força, mas que, ao longo dos anos, foi relegada a papéis menores, à medida que as grandes produções passaram a priorizar atrizes mais jovens para os papéis maiores. Essa é, inclusive, a essência da história que envolve a protagonista do filme. (PS: Qualquer semelhança não é mera coincidência).
Porém, à medida que a trama avança, o filme entra em uma espiral de acontecimentos surreais, mergulhando no gore e seguindo um caminho que, pessoalmente, não me agrada. Em certo ponto, Demi Moore perde o protagonismo, cedendo espaço à excelente Margaret Qualley. Sua atuação é muito boa, mesmo com diálogos limitados, entregando uma expressividade corporal impressionante. O trabalho artístico em sua personagem é algo digno de elogios.
Por outro lado, a exposição do corpo feminino em demasia vai de encontro à proposta do filme. Embora o enredo torne essa abordagem necessária em alguns momentos, acredito que a direção poderia ter preservado mais as atrizes, especialmente Moore.
O roteiro tem suas falhas, deixando algumas pontas soltas e muitas questões à livre interpretação do espectador. Ainda assim, vale destacar a performance de Dennis Quaid, que interpreta de forma convincente um agente canastrão e caricato. Seu papel serve como um alívio cômico em meio ao peso e à violência gráfica do filme.
Falando sobre premiações para Demi Moore, que têm sido especuladas pela crítica, acredito que não venham a se concretizar. Primeiro, porque a academia raramente premia atuações em filmes desse gênero. Segundo, porque, na minha opinião, Margaret Qualley teve um desempenho mais destacado que o da própria Moore.
A Substância é um bom filme, mas poderia ter entregado mais. Os exageros e o foco excessivo no gore diminuem o impacto da história, que, se contada de forma mais séria e menos gráfica, poderia alcançar maior relevância e, quem sabe, até mesmo premiações.