A MENINA SILENCIOSA: Filme irlandês, de beleza singela. A princípio, nem parece ter maiores pretensões. No entanto, apresenta uma profundidade que desencadeia sensações, que são ao mesmo tempo leves e de nobres sentimentos. A começar pelo talento da protagonista, que eleva ao espectador sentimentos reais, apesar de ser uma obra de ficção. A menina nos remete a um lugar que não é o seu, mas que o encontra através de um grande despertar. Inicialmente não parecia ser nada fácil de encontrar, o que inspira no público algo inquietante e que faz refletir à medida que o filme se aproxima do final, que é justamente um mistério. Estamos diante de um conto de fadas ao vislumbrarmos na tela grande do cinema o inesperado desse magnifico drama, e também na forma como o filme é conduzido pelo diretor. Tem um fio condutor quase perfeito e, por isso, nem vemos o tempo passar. Sequer se faz necessário grandes diálogos. "A Menina Silenciosa" nos transporta por imagens que transcendem no público através da beleza, da ingenuidade, do despertar para a vida, da singularidade, do amor, do desamor (por outro lado), do acolhimento, das necessidades, das infinitas descobertas do mundo ao nosso redor - que nos ambienta junto com as personagens -, dos perfumes, do tato, do brilho no olhar. É que os poucos diálogos que ouvimos dessa menina já diz muito, pois o seu olhar transmite tudo o que queremos saber dela, em especial, pela mudança de casa, ao menos por um período. Em resumo, ela sai da residência dos verdadeiros pais para viver por um tempo com um casal desconhecido e sem filhos, mas que lhe deu tudo do que necessitava e não tinha, transformando por completo a sua vida. O filme é como disse o seu tutor quando fala a respeito dela mesma: uma joia.