No auge de seus 74 anos Martin Scorsese volta a um tema já tocando antes em sua filmografia, a fé, com um sonho de ser padre quando menino, Scorsese domina o assunto e encanta o coração de todos os enchendo de empatia, sendo eles religiosos, ou não (como é o meu caso), mas é impossível não ficar tocado com a narrativa de Scorsese que se baseia num acontecimento verídico. "Silence" o novo filme de Scorsese que é um dos melhores filmes do ano narrativamente e tecnicamente, foi injustamente ignorado dos festivais mas mesmo assim, não deixa de ser um grande filme. O roteiro que segue de uma maneira linear, e mesmo podendo acompanhar diversos pontos de vista, se foca em um único personagem, centrado em uma introdução, um inicio, meio e final muito bem definido em seus atos o filme é completo e mesmo com quase 3 horas, o ritmo não cai nem por um minuto. Temos a historia aqui de dois padres que se colocam a disposição para obter mais informações sobre um padre que aparentemente renunciou a fé, só que essa missão é num japão a onde o catolicismo foi bandido e qualquer referencia do mesmo é torturada, psicologicamente e fisicamente. O nome do filme ser "Silence" não é por acaso, a palavra silencio é repetida diversas vezes no filme, o que denoda um paralelo perfeito com o próprio catolicismo no japão, a onde á fé tinha que ser exposta em silencio, a onde os católicos e jesuítas foram silenciados e sofreram em silencio, creram em silencio, tiveram esperanças em silencio, e continuaram com a sua fé da maneira mais silenciosa possível, embora fique comercialmente estranho, Scorsese foi preciso e metafórico seu titulo que acompanha toda a trama do longa. O primeiro recurso técnico que salta os olhos de primeira é a fotografia do filme, ela é linda, parece viva, repassa esperança e ao mesmo tempo que passa frustração, sempre iluminando e enriquecendo os detalhes de outros conjuntos que estão muito bem também, como a direção de arte, maquiagem e figurino, não é a toa que a fotografia foi a unica coisa lembrada de "silence" no óscar, o filme também conta com ótimas mixagem e edição de som, e uma montagem que auxilia o roteiro a deixar um filme longo parecer curto e não enjoar o telespectador, mesmo que as vezes fique repetitivo. Andrew Garfield está ótimo, e é o grande destaque em termos de atuação, seu parceiro Adam Driver também está ótimo, mesmo aparecendo pouco, e o que menos aparece é Liam Neeson, mesmo assim, o ator tem um presença de tela gigante e é impossível não ficar fascinado com seu personagem ,Tadanobu Asano, que faz um personagem que serve como interprete, também manda muito bem, sua atuação faz o telespectador ficar com um pé atras sempre em relação ao ser personagem. Martin Scorsese, mostra que sabe fazer qualquer tipo de filme, mesmo já trabalhando com filmes parecidos, o vovô merecia mais um Oscar antes ainda de terminar sua carreira, infelizmente não foi dessa vez, a onde seu filme foi injustamente ignorado, apesar de ser um ótimo longa.