"O inferno é a impossibilidade de sensatez"
PLATOON
Lançado em 1986, PLATOON é considerado por vários críticos como o melhor filme de guerra já feito na história do cinema, ganhando o título de "PAI" dos filmes de guerras, sendo que grande parte dos filmes desse gênero que lhe sucederam, o levaram como referência.
O longa foi escrito e dirigido por Oliver Stone, que se baseou em sua própria experiência de vida na Guerra do Vietnã para escrever o roteiro. PLATOON nos leva até os conflitos brutais e sangrentos vivido pelos soldados americanos contra os vietcongs, sendo visto a partir dos olhos do jovem recruta Chris Taylor (vivido pelo ainda muito jovem Charlie Sheen). Um recém-chegado ao batalhão que largou a faculdade para se alistar voluntariamente para lutar na Guerra do Vietnã. Chris acredita que deve defender seu país como seu avô defendeu na primeira guerra mundial e seu pai na segunda.
Eu tenho uma verdadeira paixão por filmes, livros, jogos, qualquer coisa que se refira à guerras, gosto muito da história de cada uma e do ponto de vista de cada uma, e das opiniões que cada uma nos traz. Quando ainda era uma criança, eu ouvia muito meus pais, meus avós e várias pessoas comentarem sobre o filme PLATOON. Eu ficava muito curioso pra assistir, porém nunca deixavam, muito pelo fato da temática e da violência sangrenta que o filme apresentava, e realmente não era coisa para uma criança da minha idade assistir.
Hoje eu tenho o verdadeiro prazer de poder acompanhar esta obra-prima da sétima arte.
Não é a toa que PLATOON até hoje é considerado por muitos como o melhor filme de guerra de todos os tempos. O longa possui uma perfeição invejável, com um dos roteiros mais bem escrito da história. Se é ou não é o melhor filme de guerra eu não sei (até porque temos várias outras obras-primas como o próprio Apocalypse Now / 79), mas que o longa foi eternizado e imortalizado sobre o gênero, isso sem dúvidas.
Oliver Stone nos entrega um roteiro coeso e muito bem escrito, que se mantém funcional em cada etapa do filme. Muito bem amarrado, dinâmico, com uma fluidez que nos prendia em cada cena, que mal víamos o tempo do filme passar. A maneira como Oliver Stone desenvolve o filme é o grande ponto em questão, utilizando efeitos, sons, edição, tudo muito à frente do seu tempo, tudo muito bem orquestrado para um filme de 1986. A edição é muito boa e funciona, em nenhum momento você se perde no filme. O som foi o que mais me chamou a atenção: para um filme de 1986, você consegue escutar e diversificar muito bem cada som, seja de um tiro de escopeta, um fuzil semi-automático, uma metralhadora pesada, ou até mesmo dos aviões que eram solicitados ao longo das batalhas.
Charlie Sheen no alto dos seus 20 anos e ainda inexperiente nos entrega um personagem muito promissor (logo na primeira cena) e muito funcional ao longo da trama. Acompanhamos toda história a partir dos seus olhos, e assim podemos ver um jovem idealista que acreditava que a guerra era feita para os pobres lutarem e morrerem para os ricos se darem bem. Ao mesmo tempo em que ele é jogado no meio do conflito entre dois sargentos com ideias e decisões bem distintas. A partir daí, sua atuação dá uma grande alavancada e cresce muito, quando ele começa a perder sua inocência e começa a fazer parte de todos os conflitos e toda carnificina. Charlie Sheen se inspirou em seu pai (Martin Sheen) no clássico "Apocalypse Now" pra fazer a narrativa de PLATOON.
Tom Berenger e Willem Dafoe são os maiores destaques de todo filme!
Tom tem uma atuação clássica, fina, com um charme sem igual. O sargento Bob Barnes é um psicopata frio, um assassino calculista, uma figura asquerosa, que tinha e buscava seus próprios interesses da maneira que ele achava de acordo, passando por cima de quem passasse. Um ser perverso, sem compaixão, que acreditava que a carnificina sem sentido era a coisa que devia ser feita. Uma atuação perfeita, que lhe rendeu uma vaga entre os indicados a coadjuvante no Oscar de 1987.
Willem Dafoe dá um show do início ao fim, com uma atuação de gala e sem dúvidas, uma das melhores da sua vida. O sargento Elias Grodin é o inverso de Bob Barnes, sendo uma pessoa correta, sensível, uma figura pacifista e inteligente, que entra no embate com Barnes justamente por esses conflitos de ideias e decisões, se destacando e nos impressionando de todas as formas possíveis. Destaco sua cena icônica de joelhos com os braços erguidos ao cair por terra - cena mais do que sensacional e memorável. Willem Dafoe é até hoje um belíssimo ator do mais alto escalão. Dafoe também foi indicado a coadjuvante no Oscar de 87.
O longa ainda é composto por Forest Whitaker, que esteve muito bem como Big Harold. John C. McGinley como sargento O'Neill. Kevin Dillon como Bunny. Francesco Quinn como Rhah, e o ainda bem jovem com rosto de criança, Johnny Depp, que interpretou o personagem Gator Lerner, cuja cena final é bem interessante e chocante.
Oliver Stone nos premia com esta obra de arte marcante que obteve 8 indicações no Oscar de 1987, ganhando os prêmios por Diretor, Edição e Som, e ainda se consagrando como o dono da estatueta de mais importância na noite - Melhor filme!
Ps: Fotografia e trilha sonora também merecem os destaques, enriqueceram ainda mais à obra). [12/12/2018]