O Processo de Reorganização Nacional foi como ficou conhecido o período de 1976 a 1983, na Argentina, momento em que uma ditadura civil-militar foi instaurada no país. Durante este intervalo de tempo, como em outras ditaduras, as Forças Armadas argentinas - neste caso representadas pelas Juntas Militares - foram protagonistas de repressão, violências, torturas, prisões injustificadas e de crimes por motivação política contra aqueles que eram desfavoráveis ao regime que eles representavam.
O filme “Argentina, 1985”, dirigido e co-escrito por Santiago Mitre, retrata o pós-Ditadura militar no país, quando, no governo de Raúl Alfonsín, ocorreu o chamado Julgamento das Juntas. Em meio a pressões políticas e militares, a equipe formada pelos promotores Julio Strassera (Ricardo Darín) e Luís Moreno Ocampo (Peter Lanzani) e seus auxiliares/investigadores buscaram um retorno ao respeito e à justiça, com o propósito de condenar aqueles que foram os líderes das Juntas Militares.
O Julgamento das Juntas é inédito - e importante - em muitos sentidos. Principalmente por ter sido a primeira vez que comandantes militares que ocuparam importantes posições de poder foram julgados por um tribunal civil pelos seus crimes. 17 semanas de julgamento, 530h de audiências, 850 testemunhas, 709 casos julgados e sentenciados e uma certeza: a de que “nunca mais” a Argentina aceitaria se submeter a algo desse tipo.
Já falamos inúmeras vezes por aqui sobre a importância do cinema como um meio de resgate e de entendimento da história do mundo em que vivemos. “Argentina, 1985” não só é um belo exemplar nesse sentido, como também é um filme que inspira e que reforça que é fundamental que conheçamos a nossa própria história de forma a podermos evitar que os erros do passado contaminem o nosso futuro. Em tempos em que a Democracia sofre constantes ataques, “Argentina, 1985” é um lembrete! Não nos esqueçamos, jamais!