“Todos são inocentes até que se prove o contrário”. A professora Carla Nowak (Leonie Benesch) leva essa afirmação ao pé da letra. Ela é recém-chegada numa escola, que tem enfrentado sucessivos episódios de roubos. Decidida a investigar o que está acontecendo, a professora se vê diante de situações que desafiam os seus valores, ao mesmo tempo em que se depara com os preceitos disciplinares da direção da escola em que trabalha.
Do papel de vítima, afinal ela mesma sofreu com um roubo, Carla passa a ser encarada como algoz. O motivo? Ela se recusa a agir de forma acusadora. Mesmo tendo provas, ela dá o ônus da defesa a quem, supostamente, cometeu o roubo. Ao agir de forma ética, entendendo que somente uma investigação pode cravar aquilo que realmente aconteceu, Carla sofre um revés de seus próprios métodos, numa situação em que a hierarquia entre direção, alunos e professores se misturam.
Indicado ao Oscar 2024 de Melhor Filme Internacional, “A Sala dos Professores”, filme dirigido e co-escrito por Ilker Çatak, como se pode perceber, é um filme que suscita diversas discussões interessantes a respeito da ética na docência e de que forma isso influencia (ou deveria influenciar) no processo educacional. Apesar disso, o filme falha em aprofundar muitas dessas discussões, principalmente pela forma omissa como o roteiro aborda os diversos vértices envolvidos nesta história.
Eu confesso que, em vários momentos, perdi a paciência com o filme, muito em parte por causa das atitudes das personagens. Às vezes, tudo que precisamos é de uma atitude mais dura e drástica, principalmente quando estamos diante de uma situação tão emergencial quanto um roubo e os desdobramentos que isso causa.