Nunca um filme foi exemplo de que se você quer "atualizar" uma obra não pode simplesmente utilizar formas que deram certo em algum momento. Como, por exemplo, a tão bem utilizada quarta parede em Fleabag. Neste filme, perdeu o charme. Aliás, a ironia e crítica ao status e horror aos sem posse não covence. Assim como o ritmo tocado que não gera conexão. É como se fosse um meteoro, que na velocidade da luz irá desaparecer. Irônico, por ser uma adaptação de uma obra que nada tem de efêmero. Talvez aí esteja o ponto: nossos dias rasos, sem elegância e regrados a fugas agora são palco. Nada mais justo que ganhassem destaque.
Jane Austen não está representada. Para os amantes da autora, um conselho : não assistam, vocês vão ficar tristes e decepcionados, peguem o livro, leiam novamente, apreciem aquela Annie cheia de coragem na sua resignação, ao Capitao Frederick tão cheio de valores nobres,. PERSUASÃO é aquela obra onde o silencio é o protagonista , e você sente a emoção das palavras não ditas, mas percebidas nas entrelinhas , isso que torna esta obra grandiosa . Qualquer um que vai tentar contar essa história não pode se esquecer deste espírito! Annie tem grande nobreza de alma, não é aquela boba representada ali no filme.
Li o romance recentemente e achei a adaptação muito fraca. Talvez o problema é q eu tenha esperado algo mais fidedigno ao texto. Os diálogos são modernizados e os costumes, nem se fale: os beijos calorosos em público são tão anacrônicos qto os diversos atores negros q assumiram personagens originalmente brancos: na minha opinião, isso é um desserviço para a questão racial e a verdadeira igualdade q desejamos hj pq parece tentar disfarçar de um modo forçado a realidade cultural daquela época. Penso q seremos culturalmente melhores não qdo mentirmos sobre a História mas qdo fizermos as boas escolhas no presente. Essas releituras extremamente sexualizadas ou politicamente corretas, q querem tentar nos fazer crer q no passado as pessoas se comportavam ou pensavam como nós, roubam o brilho da arte p transforma-la principalmente numa arma ideológica.
Anne Elliot de Jane Austen atravessa um longo caminho, para deixar de ser uma moça excessivamente dócil e insegura. Insegurança que foi ampliada quando a docilidade acabou por fazê-la abrir mão de seu grande amor. Ela atravessa um grande caminho e percebe que não deve mais aceitar placidamente a opinião de terceiros, e assume a responsabilidade de suas próprias escolhas. Anne Elliot da diretora Carrie Cracknell já surge mordaz, zombeteira e até grosseira (nem tudo o que se pensa precisa ser dito). Assisti por teimosia, desde o início percebi que não gostaria do filme. O péssimo Orgulho, Preconceito e Zumbis consegue ser melhor que esse arremedo de adaptação.
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