Baseado no livro homônimo escrito por Jane Austen, “Persuasão”, filme dirigido por Carrie Cracknell, tem como propósito principal modernizar uma trama originalmente lançada em 1818, embora mantendo as suas características principais, notadamente o fato de que a obra se trata de um romance de época.
Dessa maneira, a essência do livro de Jane Austen está mantida e a história central envolve o reencontro entre Anne Elliot (Dakota Johnson) e o Capitão Frederick Wentworth (Cosmo Jarvis), oito anos após ela ter dispensado ele, apesar do grande amor que envolvia os dois, pelos motivos que eram comuns na época: o casamento não seria bom para a sua família.
A persuasão à qual o título do livro e do filme se refere diz respeito ao convencimento que foi necessário para que Anne entendesse que a decisão de deixar Wentworth seria a melhor para ela - e sua família. E, por consequência, a jornada da protagonista/heroína romântica está relacionada a uma segunda oportunidade que o destino lhe dá. Seria tarde para ela e Wentworth viverem o seu grande amor? Ou o ressentimento entre o que ocorreu entre eles seria mais forte?
A grande modernização que “Persuasão” traz à história elaborada por Austen está associada a um recurso típico da linguagem cinematográfica: a quebra da quarta parede entre Anne e nós da plateia. São vários os momentos em que a personagem se dirige diretamente a nós, como se dividisse conosco as suas intenções, pensamentos e próximos passos.
Sinceramente, na minha opinião, essa foi uma solução narrativa totalmente desnecessária, uma vez que a história de “Persuasão” já se comunica tão bem conosco. O que ficou claro, pra mim, no filme dirigido por Carrie Cracknell, é o seu desejo de agradar a uma plateia mais jovem, emulando elementos da crônica da sociedade da época feita em séries como “Bridgerton”, que também tem essa roupagem mais contemporânea para o gênero de romances de época.