O diretor grego naturalizado francês, Costa-Gavras, que fez a cabeça dos adolescentes daqueles que estão com seus 40 e poucos anos através de filmes como "Z" e "Missing", volta a atacar com o seu humanismo contundente. Em "Amen", ele revê a política que a Igreja Católica teve com relação aos 6 milhões de judeus assassinados em campos de concentração pelos nazistas. A associação fica inclusive explícita no pôster do filme, o qual mistura uma cruz com a suástica hitlerista. O viés do assunto é feito através do padre Ricardo (Matthieu Kassovitz), cujo pai é amigo direto do Papa, e que denuncia inúmeras vezes a política genocida com relação aos judeus executada pelos nazistas. Ricardo espera que o Papa se pronunciasse enfaticamente sobre o assunto, coisa que jamais aconteceu ao longo de todo o período da segunda grande guerra. O outro eixo da trama se dá com o químico alemão Kurt Gerstein (Ulrich Tukur), cujos relatos deram origem ao roteiro do filme. Gerstein era um oficial da SS, criador do zyclon B, produto que era utilizado nas câmaras de gás. Porém, ele tinha consciência dos crimes hediondos que a sua invenção tinha proporcionado, e informava tudo que ocorria nos campos de concentração para o padre Ricardo, que se tornou seu amigo. Todo o esforço de Gerstein se mostrou infrutífero. A mensagem de Costa-Gavras é bastante clara, aqueles que não se posicionam passivamente diante de situações que a vida humana é relegada a segundo plano (como a Igreja Católica fez com os judeus), é tão culpado quanto aqueles que perpetraram o crime. Falar sobre os horrores da guerra de maneira retrospectiva é deveras fácil. Corajoso e necessário é que as instituições se posicionem na vigência das atrocidades, tentando impedir que mais vidas sejam perdidas. Tal coragem faltou ao Papa Pio XII e à sua instituição. Parece que o fôlego de Costa-Gavras não tem fim. Enquanto houver uma causa a ser denunciada, lá estará o homem. A atuação do ator alemão Ulrich Tukur é ótima.