Se em "TRATAMENTO DE CHOQUE", Jack Nicholson exagerou nos seus maneirismos, neste "A PROMESSA", ele tem uma interpretação intimista e ao mesmo tempo gigantesca na sutileza em que constroi o personagem de Jerry Black, o policial à beira da aposentadoria. Sua última missão é desvendar o assassino de uma menina de 7 anos. Sobra pra Jerry contar o acontecido aos pais da menina, criadores de perús. Sem áudio, com uma câmera no alto pegando as costas dos pais, Jerry se aproxima dos pais e revela a desgraça. A cena é uma punhalada no estômago de quem a vê, tamanha a dor que ela desperta. Ao invés de partir para suas férias e dedicar-se às suas pescarias, eis que o nosso policial recém-aposentado fica obcecado pelo caso. É importante dizermos que a mãe da menina assassina o fez prometer que iria descobrir o autor do crime. Ele tenta delinear o perfil de um possível "serial killer". Vai atrás de casos semelhantes, entrevista as testemunhas, enfim, tenta colocar algum tipo de ordenação neste casos. Numa de suas entrevistas, Jerry fala alguns minutos com Jim Olstad (Mickey Rourke), pais de uma garota que está desaparecida há anos. Para minha surpresa, Mickey Rourke exala a dor da perda de um pai que ainda quer ter forças para acreditar que sua filha ainda está viva. Brilhante. Isso significa que Sean Penn, além de um grande diretor, sabe comandar os seus atores como poucos. A obsessão de Jerry chega ao ponto dele comprar um posto de gasolina no meio do nada do Oeste americano, simplesmente por ser um local que possivelmente seria, a seu ver, a localização do assassino. Tem um envolvimento com a garçonete Lori (Robin Wright), que tem uma filha de 8 anos de idade. A linha entre a sanidade e a insanidade estava prestes a ser ultrapassada por Jerry. Belo filme do ex-esposo da cantante Madonna, que a cada filme se afirma como uma das grandes esperanças qualitativas na indústria cinematográfica norte-americana.