(Insta: @cinemacrica): Inspirado nas obras de Ariano Suassuna, o novo longa nacional narra 4 histórias que, apesar dos contextos completamente distintos, têm como elo a mentira. Percorremos, desse modo, realidades díspares: uma convenção corporativa, luto paterno no nordeste, um estrangeiro se adaptando às normas sociais cariocas e os primeiros passos de uma estagiária numa agência de publicidade.
É possível que se faça uma associação imediata com o argentino "Relatos Selvagens", com a ressalva de que nessa proposta o elo entre os contos era a vazão enérgica da raiva vingativa. O formato é de fato semelhante, mas o resultado conseguido pelos hermanos está num patamar superior, seja porque o gênero da comédia é melhor contemplado, ou seja porque as histórias simplesmente situem-se num nível mais elevado de homogeneidade. Os episódios são de fato engraçados e interessantes.
A aposta nacional, contudo, mesmo reivindicando o teor cômico, tem pouquíssimos momentos felizes nesse território. Para ser bem específico, o ponto alto do gênero ocorre no final do terceiro episódio, onde o estrangeiro flerta com projeções amedrontadoras das possíveis consequências da sua mentirinha aparentemente inocente. No demais, há pouco espaço para o riso, não seria absurdo classificar os demais contos como curtas exposições dramáticas. E, mesmo fazendo essa concessão para o drama, não se está diante de proposições interessantes.
Apesar da heterogeneidade entre os episódios, pode ser uma opção válida.