Um filme com propostas interessantes, mas que (com o perdão do trocadilho) carece de power!
A película possui uma ambientação e uma proposta de roteiro bem curiosa: Uma enfermeira novata que irá trabalhar a noite em um hospital sem energia devido a greve de mineradores.
Acreditamos que de alguma forma diferenciada esses dois núcleos irão se conectar, o que desperta o nosso interesse de assistir, mas tal vínculo limita-se a isso. Sabemos sobre os mineradores apenas por relances noticiados no rádio, nada a mais.
A direção consegue trabalhar bem com os enquadramentos, tirando o melhor proveito do cenário, com portas densamente escuras ao fundo, o vazio dos corredores sem luz, o uso das típicas luzes frias e mórbidas tão comuns em tais locais, as escadarias sorumbaticas, o silêncio mórbido ou os lamúrios agourentos das alas e leitos, e tudo aquilo que orbita tais lugares, nos despertando a tensão de que algo ruim pode acontecer a qualquer momento. Porém, tal acerto não deve ser tão difícil de ser obtido, uma vez que, naturalmente, um hospital já nos causa incômodo suficiente.
O filme nos proporciona algumas boas cenas de susto, como o momento da possessão da protagonista, lembrando VAGAMENTE a clássica cena da dança mortal de Suspiria. Contudo, aqui, os melhores momentos neste quesito, estão no período de CONSTRUÇÃO do terror, nos momentos iniciais e mais sutis, que apesar de tal delicadeza, são os mais efetivos em eriçar os nossos sentidos. Quando o filme atinge o seu ápice, temos a típica entidade provida de poderes a lá X-men.
Outro ponto negativo, é a previsibilidade do roteiro, onde não somos surpreendidos com o deslindar da trama, muito por conta de diálogos e escolhas demasiadamente expositivas ou exageradamente sugestivas, fazendo com que percamos o interesse quando o filme torna-se mais lento. Além disso, a carestia em trabalhar melhor certas subtramas empobrece os personagens, nos distanciando deles e fazendo com que não liguemos para o seu destino.
Quanto as atuações, elas são ok, com destaque para a protagonista que nos entrega um pouco a mais que os demais.
A obra traz algums críticas interessantes: 1. diz respeito à displicência e descaso do corpo de profissionais de saúde para com os pacientes, onde muitas vezes, tais pessoas sequer deveriam exercer o ofício pois são desprovidas de empatia, características básica para quem deseja se enveredar nesse meio. 2. o machismo neste meio, onde os homens, por exercerem papéis de poder, acreditam e possuem conivência para fazer o que bem entenderem. 3. a denúncia/vingança dos abusos sofridos por mulheres, mas especialmente por garotas, justamente por conta do fator citado anteriormente e, que não são ouvidas e validadas por conta deste mesmo empecilho estrutural.
Diante do que foi dito, é um filme que recomendaria, mas com sobreavisos sobre possíveis expectativas exacerbadas.