Shirley é a recente cinebiografia política lançada pela Netflix, que evoca lembranças de filmes do mesmo gênero, como 'Rust', que se destacou no ano anterior e garantiu uma indicação ao Oscar para Colman Domingo - embora essa indicação tenha sido alvo de controvérsias. Em Shirley, observa-se uma estrutura narrativa semelhante, o que a torna mais uma aposta da Netflix para futuras premiações, impulsionada pela excelente performance de Regina King.
O ponto central de destaque em Shirley é a sua mensagem, que logo se estabelece ao retratar a luta de uma mulher contra o parlamento americano predominantemente composto por homens brancos na década de 70. A temática do filme é constantemente reiterada ao longo da narrativa, deixando uma impressão marcante nos espectadores. Contudo, a insistência em reforçar essa mensagem pode resultar em uma narrativa um tanto rígida, com diálogos explícitos e superficiais, em certos momentos, levando o espectador a se desconectar da trama em determinados pontos.
Regina King está excepcional em um dos seus papéis mais inspiradores, demonstrando sua dedicação em cada cena. Sua atuação sustenta o ritmo da narrativa e eleva todo o enredo de forma notável. No entanto, quando um filme se apoia fortemente em uma atuação excepcional, isso evidencia que o roteiro ou até mesmo a edição podem não estar no mesmo patamar de qualidade. Shirley tem sua importância histórica por contar uma história que quase ninguém sabia e passar essa mensagem que é tão vivida nos dias de hoje, mas sofre pela péssima execução de John Ridley, que apostou demais em Regina King e deixou outros aspectos de lado. Acho que dessa vez, a Netflix não deve conseguir uma indicação ao Oscar, assim como fez em Rust.