Em 2008, logo após sofrer um colapso mental diante dos olhares do mundo inteiro e passar a se comportar de uma maneira errática, perdendo, inclusive, a guarda dos dois filhos, a cantora Britney Spears passou a ter, como tutor legal, o seu pai, Jamie Spears. Com a decisão judicial, o pai de Britney passou a controlar desde as suas finanças pessoais, passando pela sua carreira, e até mesmo detalhes rotineiros de sua existência - como uma simples saída para uma lanchonete ou restaurante.
O documentário "Britney x Spears", dirigido por Erin Lee Carr, se propõe a fazer um retrato da vida de Britney sob a tutela legal e a luta privada que ela tratou pela sua liberdade. Para isso, além de contar com entrevistas exclusivas de pessoas que fizeram ou fazem parte da vida de Britney ao longo desse tempo, a diretora também se serve do apoio da jornalista Jenny Eliscu, da rádio Sirius XM e editora colaboradora da revista Rolling Stone - que acompanhou esta situação de perto -, ao mesmo tempo em que teve acesso a documentos confidenciais importantes que embasam a jornada de Britney.
A reflexão que o documentário faz a respeito dos anos de tutela é que ela se apoiava, em primeiro lugar, no sentimento de ameaça para Britney (de que ela poderia perder os direitos de visitação aos seus filhos a qualquer momento) e nas vantagens que a tutela trouxe para aqueles que se beneficiaram dela. Chega a ser impressionante perceber como o sistema jurídico norte-americano ignorou os desejos pessoais de Britney e a sua notória capacidade (afinal, nos anos de tutela, ela lançou discos, fez turnês e espetáculos diversos), impossibilitando-a de tomar as próprias rédeas de sua vida.
"Britney x Spears" estreou no catálogo da @netflixbrasil a tempo de acompanhar os últimos capítulos desta história. Após ser ouvida, em junho deste ano, Britney precisou aguardar três meses pela decisão mais esperada dos últimos tempos: a de que seu pai não era mais seu tutor. Britney tem o controle de sua vida novamente e este documentário fica como um importante registro de sua batalha e do que ela passou ao longo de 13 anos sob a tutela daquele que, como pai, deveria ter agido de uma forma bem diferente com sua filha.