Karen Blixen. Quem assistiu ao filme “Entre Dois Amores”, dirigido por Sydney Pollack, conhece bem esse nome. Ela é a personagem interpretada por Meryl Streep, a aristocrata dinamarquesa que acompanha o marido e passa a viver em uma fazenda na África, onde passa por experiências enriquecedoras, do ponto de vista pessoal, e também conhece e se apaixona por um novo amor.
Quando encontramos Karen Blixen (interpretada, dessa vez, por Birthe Neumann), em “O Pacto”, filme dirigido por Bille August, a imagem que temos dela contrasta muito com a da Karen de “Entre Dois Amores”. Aos 63 anos, com a saúde fragilizada devido à sífilis, com o status de gênio da literatura, ela vive isolada, recebendo poucos - e bons - amigos.
“O Pacto” tem como base a relação que se estabelece entre Karen e Thorkild Bjornvig (Simon Bennebjerg), um poeta promissor com quem ela estabelece um trato: Karen transformará Thorkild num escritor de sucesso em troca da fidelidade e da obediência absoluta dele a tudo o que ela achar adequado - o que será algo difícil em se tratando do fato de que estamos lidando com pessoas, que possuem vontades e anseios próprios e, o principal, uma vida à parte da questão literária que as envolve.
Se, em “Entre Dois Amores", estávamos diante de uma Karen Blixen vibrante e ativa; em “O Pacto”, a Karen que se apresenta a nós é uma mulher amargurada, difícil e cruel. Como uma grande dama num jogo de tabuleiro, ela vai mexendo com o emocional de Thorkild como se ele fosse uma mísera peça para o seu entretenimento. “O Pacto” é um filme sobre o custo de se conquistar algo que você sempre sonhou - e se vale a pena enfrentar tanta coisa para alcançar isso.