“Pobres Criaturas”, filme dirigido por Yorgos Lanthimos, se passa durante a era Vitoriana, que marcou o regime liderado pela Rainha Vitória, num momento de muitas transformações econômicas, políticas e culturais para os países que vivem sob o regime da Monarquia Inglesa. Saber desse pano de fundo é muito importante para que possamos compreender um pouco sobre o que iremos assistir no longa.
A história de “Pobres Criaturas” é centrada na figura de Bella Baxter (Emma Stone, numa atuação vencedora do Oscar 2024 de Melhor Atriz), uma jovem mulher que é trazida de volta à vida por um médico/cientista excêntrico (Willem Dafoe). Na experiência de Godwin Baxter, o médico, Bella é uma mulher com cérebro de bebê, por isso, ela vai atingindo certos marcos temporais que são dignos da sua idade mental.
Uma mulher presa, sem contato com o mundo exterior; a verdadeira jornada de Bella, ao longo de “Pobres Criaturas” é a que a coloca enfrentando o mundo, usando seu corpo e o sexo como moedas de liberdade. É aqui que voltamos à Era Vitoriana, com seus momentos de luzes e de trevas, metaforizados pela fotografia de Robbie Ryan: o mundo da prisão de Bella é retratado em preto e branco; o mundo que Bella passa a conhecer lá fora é cheio de cores vibrantes, como a personalidade que ela revela ter.
Ao vivenciarmos a viagem de Bella, Yorgos Lanthimos desnuda diante de nós uma trajetória de uma mulher, numa época de pensamento conservador, em busca de sua liberdade, da igualdade e de poder ser aquilo que ela quiser, da forma que ela quiser. É uma história de força, que utiliza muito bem o tom irônico a seu favor.