Um excelente e marcante filme. Magistral, um dos melhores que assisti nos últimos anos. Embora tenha sido produzido quase que inteiramente em uma vila cenográfica do tamanho de um campo de futebol, onde as casas não tinham paredes ou portas, apenas uma marca no chão que as identificavam, não houve qualquer prejuízo para o enredo e desempenho dos papeis de cada artista envolvido. Um narrador, que não aparecia na filmagem, contava toda a história e esclarecia as ações, quando não havia diálogo. Acho que a atriz principal não deveria ser tão bonita quanto Nicole Kidman, que desempenhou perfeitamente seu papel. Lars Von Tries, foi perfeito. O filme cumpriu o seu papel de questionar tudo o que se vê ao redor e, principalmente as duas faces, do santo e do demônio, que cada pessoa carrega dentro de si. Questionou a democracia torta que imperava na vila, tudo passava pela decisão da assembléia dos moradores. A transparência dos assuntos tratados, nada era escondido e ninguém deveria mentir. A honestidade das pessoas e suas boas intenções. A vila parecia o lugar perfeito para se morar, deveria ser o paraíso na terra. Com o tempo essa visão foi se transformando, sem que as pessoas percebessem o paraíso se transformou no inferno. Aquelas pessoas honestas, santas e ingênuas, da noite para o dia, mostraram o outro lado perverso do ser humano. O que era o paraíso se transformou em inferno. E, num passe de mágica, o que parecia certo era errado, e o próprio espectador torce para que a decisão mais errada e animalesca possível seja tomada como uma decisão certa. É o desfecho final . Todos se transformam em agentes do mal.