A Baleia, filme protagonizado por Brendon Fraser, premiado com o OSCAR de MELHOR ATOR, coloca Deus no Banco dos Réus.
A trama, emocionante e impactante, relata a saga do professor universitário de redação CHARLIE (BENDOM FRASER), que busca, já no iminente final de sua vida, reconstruir o relacionamento com a filha ELLIE (SADIE SINK), adolescente de 17 anos, rebelde, cruel e maligna.
Charlie, abandonou o casamento com e esposa MARY (SAMANTHA MORTON) e filha ELLIE, então com 8 anos, a fim de viver um romance homoafetivo com um ex-aluno seu, bem mais jovem. Nunca abandonou a filha materialmente, mas a alienou emocionalmente.
O namorado de Charlie era um jovem filho de lideres religiosos da Igreja Nova Vida. A opção sexual e de conviver maritalmente com CHARLIE foi rejeitada e hostilizada pela família. O Jovem caiu em profunda depressão, vindo a suicidar-se pulando de uma ponte.
A tragédia traumatiza e deprime CHARLIE, que passa a comer compulsivamente, tornando-se um obeso mórbido com 270 kilos. Passa a trabalhar, lecionando por videoconferência, mantendo sempre a câmera de vídeo desligada, haja vista ter vergonha de sua aparência, achando-se nojento.
Charlie, tem um evidente sentimento de culpa, sua pretérita decisão de deixar esposa e filha para viver uma aventura amorosa homoafetiva, trouxe deletérias consequências. Sua ex-mulher tornou-se alcoólatra. A filha desenvolveu uma personalidade vingativa, apática, insensível, odiosa e interesseira. Charlie, sabotou-se em virtude da culpa, tudo que ganhava com seu trabalho acumulava para formar um lastro financeiro e garantir o futuro da filha que abandonou, abdicando de cuidados médico-hospitalares, plano de saúde e medicamentos, ou seja, suicidou-se paulatinamente.
A melhor amiga de CHARLIE, a enfermeira LIZ (HONG CHAU, indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante) era irmã do Companheiro de Charlie, jovem que se suicidou. Ela de origem cristã, criada na Igreja Nova Vida, destila sua decepção com a religião, a Igreja e com Deus.
Na trama surge a figura de um jovem PSEUDOMISSIONÁRIO, que queria evangelizar CHARLIE. Ao final descobre-se que aquele jovem estava fugindo da família e da Igreja Nova Vida, pois havia se apropriado de dinheiro da igreja, entendia que seria desprezado pela família e castigado por seu erro. ELLIE, filha de CHARLLIE, apresentando uma face boa, ajudou a aproximar o JOVEM de sua família.
O PSEUDOMISSIONÁRIO, de posse da Bíblia que foi usada pelo namorado de CHARLLIE. com textos destacados confrontou CHARLLIE e terminou por culpar o amor homossexual dele com seu amante suicida como a razão daquela tragédia. Charllie esbraveja, responsabiliza DEUS, entrega a Bíblia com desprezo a seu interlocutor, pedindo que fosse embora.
A uma leitura teológica no contexto do filme A BALEIA, Deus é colocado no Banco dos Réus como um Deus homofóbico e odioso. Preciso destacar que a Igreja, seja a Nova Vida, Batista, Assembleia de Deus, Católica, é constituída por pessoas imperfeitas em busca da perfeição. A homofobia não pode ser atribuída a Deus, mas uma minoria fanática e radical dentro da igreja é homofóbica.
O Deus da Bíblia, aquele em quem creio e cuja Palavra prego, condena o homossexualismo, mas ama a pessoa do homossexual. Deus ama os integrantes da comunidade LGBTQIAP+ , embora sua Palavra não aprove as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo.
É o preconceito das pessoas, dentre as quais religiosos extremados, que fomenta, ainda mais, conflito emocional, , depressão, ansiedade e até resultam em suicídio entre pessoas LGBTQIAP+.
Deus é Deus misericordioso e bom. Seu amor é inclusivo, não exclui ninguém. Ama os LGBTQIAP+, ama pessoas odiados por muitos. Deus abomina o pecado, mas o pecador. O amor é o DNA de Deus, quem não tiver amora ele não pertence.
O filme A BALEIA é emocionante, impactante, humano , dramático, real, mas teológicamente demonstra uma tentativa comum do homem culpar a Deus pelas consequências dolorosas advindas de suas próprias escolhas.
MAURÍCIO SILVA PEREIRA
PASTOR BATISTA
TEOLÓGO
ADVOGADO
MEMBRO DA COMISSÃO NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS DA OAB/AP