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    Entre Mulheres
    Média
    3,7
    90 notas
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    13 Críticas do usuário

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    Alexandre M.
    Alexandre M.

    3 críticas Seguir usuário

    0,5
    Enviada em 9 de março de 2023
    É um ótimo filme; Para dormir.
    .
    Ricardo L.
    Ricardo L.

    59.922 seguidores 2.818 críticas Seguir usuário

    4,0
    Enviada em 1 de março de 2023
    Rooney Mara, Claire Foy, Jessie Buckley e Francis estão com certeza no melhor elenco do mundo, num filme com um roteiro redondo e atuações ótimas e uma bela fotografia, ressalvas para o ritmo que peca por alguns momentos sem energia para determinada cena, mas isso não tira o brilho desse bom filme indicado a melhor filme do ano.
    Adriano Silva
    Adriano Silva

    1.526 seguidores 463 críticas Seguir usuário

    4,0
    Enviada em 13 de março de 2023
    Entre Mulheres (Women Talking)

    "Entre Mulheres" é uma produção da Plan B, escrito e dirigido por Sarah Polley, com Brad Pitt e Frances McDormand como produtores. O filme é baseado no romance homônimo de 2018 de Miriam Toews e estrelado por Rooney Mara, Claire Foy, Jessie Buckley, Judith Ivey, Ben Whishaw e Frances McDormand.

    A atriz e escritora Canadense Miriam Toews (atriz no filme "Luz Silenciosa", de 2007) é a autora do livro em que "Entre Mulheres" foi baseado, e o mais interessante é saber que ela se inspirou em eventos da vida real que ocorreram na Colônia de Manitoba, uma comunidade Menonita remota e isolada na Bolívia. Um dos pontos em que eu fiquei boquiaberto foi saber que o filme se passa no ano de 2010, pois na minha cabeça toda aquela história se passava no século passado, o que me deixa ainda mais intrigado.

    Temos aqui um drama feminista que traz toda história sobre os olhares das mulheres, a começar pelo fato de ser dirigido por uma mulher, pois Sarah Polley ("Histórias que Contamos") obviamente emprega uma perspectiva feminina para nos contar toda trama que acontece naquela pequena comunidade. O longa segue um grupo de mulheres que vivem em uma comunidade isolada e seguem a religião da igreja Menonita. Elas descobrem que os homens do local sempre usaram um tipo de anestésicos (que era usado em animais) para estuprar as mulheres e as meninas enquanto elas estavam dopadas. Muita das vezes toda essa violência e abuso sexual resultava em gravidez.

    A tradução para português do título do filme combina perfeitamente com o que realmente acontece na maior parte do tempo em toda história; que é justamente mulheres falando, conversando, dialogando sobre o fato de que elas precisavam se unir e lutarem para conciliar sua fé com a realidade de cada uma naquele local. Toda narrativa do filme se passa quase que 100% do tempo unicamente dentro daquele palheiro, onde nos confrontava com aquelas mulheres organizando um plebiscito para decidir se ficam e não fazem nada, ficam e lutam ou vão embora. E o mais chocante é descobrir que aquela comunidade seguia a tradição da igreja Menonita e deixava as mulheres sem escolaridade e analfabetismo, sem educação mesmo, com única finalidade de deixá-las com a obrigação de servir os homens daquela comunidade de maneira humilhante.

    O longa de Sarah Polley nos traz um choque de realidade ao acompanharmos a série de agressões que aquelas mulheres sofriam caladas, e o mais revoltante era ver uma jovem acordando sozinha na cama com hematomas e feridas visíveis em seus quadris e parte interna das coxas, que obviamente era ferimentos sofridos por estupro durante a noite. Porém, bizarro mesmo era a forma como os abusos daquelas mulheres eram tratados como coisa de fantasmas, do Satanás, ou até mesmo como parte de uma loucura que elas estavam inventando para chamar atenção. Outro ponto bastante intrigante era a obsessão delas pela fé e o fanatismo religioso que as obrigava encarar toda aquela situação com a obrigação de perdoarem os seus agressores, pois elas diziam que fazia parte da fé perdoar, que precisavam perdoar os agressores que estavam encarcerados em uma cidade próxima para não serem expulsas da comunidade e serem aceitas no Reino dos Céus - absurdo!

    Posso afirmar com toda certeza que a Sarah Polley acertou muito ao decidir trazer uma história tão chocante, uma realidade tão perversa e brutal, e sem precisar fazer uso da violência extrema, sem precisar inserir cenas que expusesse os abusos que as mulheres passavam. Ela foi humana, contou uma história sobre a perspectiva feminina sem precisar chocar o espectador com cenas dramáticas, sem soar apelativa graficamente, sem expor a crueldade dos atos e sem forçar a barra em construir cenas pesadas para nos elucidar sobre os estupros que elas sofriam. Temos uma cena ou outra que mostra elas com hematomas, com sangue, porém de forma leve, sem precisar pesar a mão. O ponto forte do roteiro é exatamente criar um ambiente e nos inserir naquele universo de realidades com o intuito em nos fazer pensar, nos fazer refletir sobre tudo que estamos presenciando. Sarah Polley engrandece ainda mais a sua obra quando abre mão da violência explícita (que obviamente seria o caminho que um diretor normalmente seguiria) para focar na construção dos diálogos, das discursões, das decisões, onde obviamente ela consegue encaixar um texto muito bem escrito, com frases bem construídas sobre toda aquela situação, sobre toda as decisões que elas precisam tomar ao pesar os prós e os contras de ficarem ou fugirem daquela comunidade.

    O filme realmente contextualiza sobre como aquelas mulheres queriam brigar pelo seus direitos, queriam ter o direito de ir e vir livremente, o direito do livre-arbítrio, o direito de poder aprender a ler e a escrever, ser de fato alfabetizadas. O texto aqui conversa diretamente com o espectador ao querer expor os direitos das mulheres, o seu lugar na sociedade, toda a sua representatividade, que obviamente estava perdida ao conviverem naquela comunidade onde elas consideravam que até os animais estavam mais seguros do que elas. Porém, acho muito válido a forma como a Sarah Polley decidi nos confrontar com toda a história sobre aquelas mulheres, mas por outro lado eu acho que ficou devendo um pouquinho em um aprofundamento e um desenvolvimento da história de cada uma (ou pelo menos das principais), algo como um arco pessoal dentro de um contexto da vida delas, para que assim pudéssemos sentir ainda mais o peso de suas histórias e pudéssemos se importar ainda mais com cada uma. Mas de qualquer forma, se tivessem seguido por este caminho o filme ficaria ainda maior em questão de duração, pois ele já tem 1h 45min.

    Para um filme que é composto quase que inteiramente por mulheres, obviamente o elenco teria que ser o destaque, teria que se sobressair, teria que chamar toda a atenção, e o elenco de "Entre Mulheres" é completamente impecável!
    Temos Rooney Mara ("O Beco do Pesadelo") como Ona Friesen, aquela mulher sonhadora, persistente, que ainda acredita no lado bom do ser humano, ainda mais quando esse ser humano é um homem. Um trabalho engrandecedor e fantástico de Rooney Mara.
    Claire Foy ("The Crown") vive a Salome Friesen, a mais revoltada com aquela situação, a mais aguerrida e decidida em ficar e enfrentar aqueles problemas em que elas viviam. Claire Foy traz uma personagem muito forte, impactante, voraz, que criou uma casca para se proteger daqueles ataques e com isso ela mal consegue pensar e sempre quer agir no impulso. Belíssimo trabalho entregue pela Claire Foy.
    Jessie Buckley ("A Filha Perdida") vive a Mariche Loewen, uma mulher que segue na mesma linha da Salome, que também está cansada e indignada com aquela vida, que também quer dá um basta em toda situação. Jessie Buckley compõe uma personagem que é astuta e ao mesmo tempo frágil, e que no final das contas acaba sofrendo duras consequências e agressões, que se mostra vulnerável (como vimos em suas últimas cenas).
    Frances McDormand ("Nomadland") vive a Scarface Janz, a personagem mais misteriosa, intrigante e sombria daquele grupo de mulheres, que no final das contas eu nem sei se realmente ela fazia parte daquele grupo e estava empenhada em lutar pelos seus direitos, visto que no começo ela aparecesse integrada no grupo, porém quando elas decidem irem embora ela não parece se importar. Mesmo com pouco tempo de tela, Frances McDormand consegue se destacar.
    Judith Ivey ("Grey's Anatomy") vive a Agata, uma figura sempre pacífica, mais calma, que mantém uma mente mais centrada em seu objetivo, que sempre está buscando entender aquela situação trazendo comparações com suas duas éguas de estimação, Ruth e Cheryl.
    Ben Whishaw ("007 - Sem Tempo Para Morrer") é um dos poucos atores que participam do elenco. Ele vive August Epp, um homem amargurado, um professor que junto com sua família foram expulsos daquela comunidade e depois ele retornou. Agora August faz parte daquele conselho de mulheres anotando as suas prioridades e decisões, além de manter um certo interesse em Ona.

    "Entre Mulheres" possui uma excelente direção de arte. Uma bela fotografia mais acinzentada, com aquele tom mais denso, mais mórbido, mais morto, que contextualizava perfeitamente a dor e o sofrimento daquelas mulheres. A trilha sonora de Hildur Guðnadóttir ("Tár") mais uma vez está completamente impecável, nos faz sentir todo aquele drama que era construído exatamente a partir da trilha sonora. O longa traz uma ótima direção da Sarah Polley, é muito bem montado, editado, mixado, tecnicamente e artisticamente é bem acima da média.

    "Entre Mulheres" teve uma grande aceitação e foi aclamado pela crítica pelo excelente trabalho na direção de Sarah Polley, as ótimas atuações do elenco, bem como o roteiro, a fotografia e a trilha sonora. No Rotten Tomatoes o filme possui uma aprovação de 86% baseada em 26 resenhas. Já no Metacritic, o filme possui uma média ponderada de 80/100 baseada em treze resenhas. No Oscar, o longa-metragem recebeu indicações para Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado.

    "Entre Mulheres" é um ótimo filme que nos conscientiza sobre os abusos e as agressões que as mulheres sofrem constantemente em nossa sociedade. Também nos mostra em como o fanatismo religioso e a obsessão pela fé pode ser algo extremamente prejudicial, quando usado da maneira errada. Mais uma vez eu devo elogiar o trabalho entregue pela Sarah Polley, por conseguir nos imergir em um cenário tão decadente, tão sofrível, tão amargurado, tão triste, porém sem a necessidade de usar um apelo gráfico, uma violência extrema, se baseando unicamente no poder que a mente humana tem em construir diálogos com sutileza para resolver uma situação com menos sofrimento possível. [25/02/2023]
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