Grande filme. O que mais impressiona em "Geração Roubada" é justamente que trata-se de uma história real, daquelas tão absurdas que qualquer pessoa fica chocada ao saber que o exibido realmente aconteceu. Trata-se de um filme bastante enxuto, que vai direto ao ponto e não enrola o espectador com subtramas desnecessárias. Logo de início a cena em que Molly, Daisy e Gracie são capturadas pelo governo australiano é forte e impressionante. A seguir vem uma explicação detalhada, por parte do personagem de Kenneth Branagh, sobre o porquê do governo estar realizando a captura de índias quando elas são ainda crianças. Apesar de ser apenas uma explicação tal cena é tão forte quanto a própria captura, pois deixa o espectador sem acreditar de que aquela pífia justificativa está sendo usada - e a convicção de Branagh ao afirmá-la reafirma ainda mais a gravidade do ocorrido. Com este preparativo inicial não é difícil ao espectador se ver torcendo pelas três garotas assim que elas conseguem fugir. Inicia-se então um verdadeiro jogo de gato e rato, onde preconceitos são expostos e a luta pela liberdade chega a emocionar. Nesta perseguição um dos destaques vai para David Gulpilil, intérprete de Moodoo, cuja atuação demonstra claramente suas qualidades como rastreador e sua decepção na busca às garotas, que se mistura ainda à incredulidade daquilo estar ocorrendo com ele. Mas não apenas Gulpilil está bem em cena, as três intérpretes das garotas estão muito bem. Kenneth Branagh também está bem, tendo uma atuação firme e com seu personagem convencendo o público de que realmente acredita no que fala e que fará o que for preciso, sem ressentimentos, para que suas teorias saiam vitoriosas. Um filme muito bom, que merecia ter sido ao menos lembrado nas indicações do Oscar deste ano."