Boa sorte, Leo Grande
Reino Unido, 2022
Nancy é uma professora aposentada, que decide contratar um profissional do sexo, para realizar um desejo jamais atingido, até então: ter um orgasmo.
Leo Grande chega ao quarto de hotel, resevado por ela, para o primeiro encontro. É constrangedor e nada promissor.
A controladora e verborrágica Nancy, não consegue entrar no clima.
Tem uma listinha com práticas sexuais, que supõe ser o bastante ou o ideal para levá-la ao orgasmo.
O problema é que de início, ela quer seguir de maneira mecânica as práticas, como se fossem simples lições de casa.
Nancy, decididamente desconhece o próprio corpo e o quão amplo é o prazer, não ficando limitado só ao sexo, em si.
É por esse caminho, acertadamente, que o jovem Leo resolve seguir. Com bom humor e paciência, ele tenta quebrar o gelo, deixando o sexo, em segundo plano... a princípio.
Nancy viveu durante 30 anos com um homem, cujo sexo entre eles era protocolar e sem criatividade. É insegura, rígida e reprimida. Mas quer mudar e agora, aos 60, questiona-se.
Nos três encontros seguintes, as conversas são íntimas e reveladoras. O próprio Leo mostra-se mais vulnerável, apesar de toda segurança e beleza exaladas, externamente.
Dentro do mesmo quarto insípido e sem graça, acontece um turbilhão de sensações, tensões, revelações e uma dança do casal de protagonistas: divertida, sensual, inspiradora e o gatilho para Nancy começar, a se libertar de suas amarras castratoras. É nesse clima que o prazer, finalmente chega; sem regras e sem Leo. Segura e confortável, Nancy consegue tocar o próprio corpo e atingir o seu objetivo máximo.
O filme ainda tem tempo para nos presentear com uma linda e corajosa cena de Nancy, completamente nua, se olhando no espelho, satisfeita com o que vê e livre dos padrões e convenções, que tanto a oprimiram.
Uma simpática dramédia, que tem como pano de fundo, a busca pelo prazer sexual, mas que mostra muito mais, sem no entanto se aprofundar, a ponto de ser um estudo.
Está mais para um doce líbelo sobre as descobertas afetivas, emocionais, sensoriais e também sexuais de uma mulher na maturidade.
Emma Thompson espetacular, como de hábito, para dizer o mínimo.
Melhor dramédia do ano de 2022, seguramente.