A morte nos deixa diante do vazio e do silêncio, porém, principalmente, diante da incerteza dos caminhos que virão a seguir. “Pequena Mamãe”, filme dirigido e escrito por Céline Sciamma), se passa nos momentos que se seguem à morte da avó de Nelly (Joséphine Sanz), a mãe da sua mãe, Marion.
Neste caso, mãe e filha estão lidando com a perda por meio da organização das coisas que a avó deixou para trás, seja na casa de repouso onde vivia, seja na residência que, antes, ela ocupava. Se Nelly encara a morte com a visão infantil, com o arrependimento de não ter dito “tchau” pela última vez à avó; a mãe prefere fugir, literalmente, do caos que a perda deixa.
E é justamente ao se ver no local onde sua mãe passou a infância, nas paisagens onde ela brincava e se divertia, que Nelly passará pela experiência que marca a narrativa enxuta de “Pequena Mamãe”: o encontro com a Marion criança, quando a dor da morte nem sonhava em atingi-las.
É ao entrar em contato com o eu criança de sua mãe que Nelly passa a ter o entendimento do que é superar as dificuldades que encaramos na nossa vida - dentre uma delas, a perda das pessoas queridas. “Pequena Mamãe” não é um filme sobre o luto. Pelo contrário, é um filme sobre o amor, o carinho, a sinceridade, o abraço e o cuidado como receitas poderosas para a cura das piores dores. Até mesmo aquelas que são as mais inimagináveis de enfrentar.