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    Mufasa: O Rei Leão
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Mufasa: O Rei Leão

    Mufasa traz a história de origem do Rei Leão sem alcançar toda a magia de Barry Jenkins

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    Muitas dúvidas circulam ao redor da recente versão de O Rei Leão, que chegou aos cinemas em 2019. É animação? É live-action? É necessário? Bem, as respostas dependem da opinião de cada um, mas falando lucrativamente, não é estranho que o longa ganhou uma sequência. Bilheteria mundial de mais de um bilhão de dólares faz isso. Na realidade trata-se de um prelúdio: Mufasa, acompanhando a história de origem do pai de Simba - e fugindo do cânone estabelecido pelas animações originais.

    Qual é a história de Mufasa: O Rei Leão?

    Disney

    Quando Simba e Nala precisam se ausentar por um tempo, sua filha Kiara fica sob os cuidados de Timão, Pumba e Rafiki. Diante de uma tempestade que assusta a pequena leoa, o sábio personagem começa a contar a história de Mufasa que, mesmo sendo um leão sem sangue nobre, acabou se tornando o rei adorado da selva. Mas antes de alcançar esse status, ele era um jovem perdido da família que cruzou o caminho de Taka - destinado a se tornar, um dia, o vilão Scar.

    Por sua vez, no passado, Taka é o príncipe de uma alcateia de leões, mas fica animado em ganhar um irmão adotivo em Mufasa. Só que o pai de Taka nunca aceitou Mufasa, que foi criado pela rainha, Eshe. Quando o ambicioso vilão Kiros ataca sua família, Mufasa e Taka partem para uma aventura por sobrevivência, em busca de uma terra melhor. E no meio do caminho encontram rostos conhecidos como Sarabi, Zazu e Rafiki.

    Barry Jenkins comanda uma aventura diferente de O Rei Leão

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    Visualmente, os efeitos visuais de Mufasa devem impressionar. Mas, diferente de seu antecessor, que precisava seguir a fórmula de um clássico já determinado, o roteirista Jeff Nathanson teve mais liberdade dessa vez para trilhar um caminho diferente. Nesse sentido, dois nomes são fundamentais para trazer certa personalidade para a obra.

    Para começar, a direção é de Barry Jenkins, aclamado vencedor do Oscar por Moonlight. Dá para ver certos vislumbres do estilo do diretor na história, contada de forma mais criativa que o antecessor, mesmo sem poder contar muito com o poder das expressões faciais. Essa é uma sensibilidade que o cineasta retira tão bem de seus atores, mas não consegue alcançar com tanta facilidade através de uma história engessada por tecnologia digital.

    Algo a ressaltar: o AdoroCinema conferiu a versão original da dublagem, com as vozes de Aaron Pierre, Kelvin Harrison Jr. e Tiffany Boone como os protagonistas, e no geral todos fazem um bom trabalho, mas a busca por um estilo realista ainda limita a entrega emocional dos leões e outros animais. E, sim, a Beyoncé participa do longa, mas de forma bem limitada. Já sua filha, Blue Ivy Carter, tem uma estreia mais importante e aceitável no cinema como Kiara.

    Lin-Manuel Miranda fez as novas canções de O Rei Leão

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    Outro aspecto que traz alguma vitalidade para Mufasa é a trilha sonora de Lin-Manuel Miranda. Seguir os passos de Elton John e Beyoncé não é tarefa fácil, então faz sentido sua escolha como o novo compositor da franquia. Porém, diferente de seus trabalhos em obras originais na Disney como Moana e Encanto, aqui temos melodias um pouco mais modestas - literalmente, elas ocupam apenas 16 minutos do filme com duas horas de duração.

    “Milele” é a canção com visual mais luxuoso, enquanto o dueto de conexão entre Mufasa e Taka, “I Always Wanted a Brother”, vai te deixar com o refrão preso na cabeça. Já a música do vilão, “Bye Bye”, parece desperdiçada em um antagonista tão genérico como Kiros, pois com personalidade mais ousada teria potencial para ser algo nível “Be Prepared”. Da mesma forma que "Tell Me It's You" não alcança o poder de "Can You Feel the Love Tonight"

    De certa forma, lembra o trabalho que Lin fez no live-action de A Pequena Sereia: novas canções agradáveis, mas nada que se assemelhe a um “How Far I’ll Go” e “We Don’t Talk About Bruno” (ambas canções injustiçadas no Oscar, esse homem já merecia ter um EGOT, digo mesmo).

    Mufasa: O Rei Leão não consegue encontrar o ponto final certo

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    No geral, Mufasa entrega bom entretenimento, principalmente nas pequenas inserções de Timão e Pumba - que seguem como os melhores personagens desse universo reimaginado digitalmente. Até Kiara, que normalmente seria usada apenas como um recurso de narrativa, apresenta momentos de emoção que se destacam.

    O problema surge realmente na segunda metade de Mufasa. Ok, ele é o personagem título, então merece mais destaque, é claro. Porém, Taka e Sarabi são figuras muito importantes de sua vida, mas suas conexões com o protagonista são transformadas de forma muito rápida. Por um lado, Sarabi não é desenvolvida o suficiente para ver como forma o casal perfeito com Mufasa e mal tem uma história de origem.

    Unidos desde a infância, a parceria entre Taka e Mufasa realmente funciona, mas Taka não foi apresentado de forma que desistiria de tudo por apenas uma decisão “equivocada”. Já sua decadência para Scar acontece em uma cena de menos de dois minutos. E por causa de Sarabi, não por deixar de ser o príncipe que sempre acreditou estar em seu destino. Mesmo assim, dá para ver que o filme tenta dar uma passada de pano… Para um vilão que futuramente matará seu próprio irmão.

    Vale a pena ver Mufasa: O Rei Leão?

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    O curioso é ver que Mufasa é um filme que acaba tentando rejeitar justamente seus maiores atributos. Os estilos visuais de Barry Jenkins e a trilha animada de Lin-Manuel Miranda parecem contrastar com o aspecto realista e mais sombrio que a tecnologia possibilita. Definitivamente, houve um esforço do estúdio para tornar os personagens mais expressivos, mas ainda falta humanidade em momentos-chave.

    Apesar disso, o filme apresenta alguns riscos interessantes, mesmo com o ritmo confuso da narrativa em certos momentos. Dentre Mufasa e a recente versão de O Rei Leão, prefiro o filme que traz alguma coisa nova para o cinema. Afinal, não é isso que esperamos dos infinitos remakes que Hollywood produz? Dar um ângulo diferente para algo que já amamos: Seja modernizando ou subvertendo? Mufasa não é o filme mais criativo do mundo, mas pelo menos tenta fazer algo a mais.

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