Há um pouco de tudo nas primeiras e meias impressões (até a metade do filme) ao assitir My Policeman (2022), nova produção dos esúdios Amazon. Há meses existe uma expectativa muito grande por vários motivos. O primeiro - e óbvio - é em relação ao cantor Harry Styles, que mais uma vez se arrisca como ator. O que acaba dobrando as expectativas, já que um outro filme recente com a sua participação, Não Se Preocupe Querida (2022), foi um verdadeiro caos em relação a fofocas de bastidores, lançamento, e o próprio filme em si. Segundo, por ter alguém com uma popularidade tão grande como a do Harry, a espera por uma grande produção de romance homoafetivo. E talvez mais um outro motivo, seria o título fetichista, que despara um gatilho sobre o desejo sexual de muitos homens e mulheres.
Preciso admitir que até mais da metade do filme, a sensação é de estar assistindo um pout-pourri de muita coisa que já existe por aí no que diz respeto a filmes com temática de romance gay. Pra ser mais preciso, e não ter que reunir tantas referências, eu diria que é um pouco de Brokeback Moutain (2005) com O Diário de uma Paixão (2004). Inclusive, há fortes referências de algumas cenas que envolvem o casal "heterossexual" da história, Tom Burgess (Harry Styles) e Marion Taylor (Emma Corrin), que ficou bastante conhecida por sua atuação na série The Crow, na primeira fase da Princesa Diana. Sem muitos spoliers, uma dessas cenas é o velho classico do marido que tem um caso homossexual, e quando a mulher já ciente de tudo, testa-o sexualmente, descobrindo que ele não é capaz de olhar nos seus olhos, enquanto tenta ter prazer pensando no amante.
Há outras cenas clássicas de outros filmes, mas pensando bem, são cenas que são um clássico da vida real de um relacionamento heterossexual, onde tem um homem com uma relação extraconjugal e gay. A atuação do Harry é consideravelmente melhor que a impressão que sua participação em Não Se Preocupe Querida deixou. Emma entrega tudo novamente, e não sei se houve pesquisa por parte da atiz, mas a sua personagem parece um tanto com a esposa traída de Brokeback Mountain, de Michelle Williams. Ou será que todas as esposas traídas por um relacionamento gay se comportam parecido? Tirando essa comparação, a atuação do Harry apesar de boa, não chega a ser tão carregada de drama e emoção quanto a de Heath Ledger. O eterno Coringa de Batman: O Cavaleiro Das Trevas (2008), que interpreta o gay enrustido no mesmo filme. Ma há sim, comportamentos semelhantes dos personagens dos dois filmes retratados.
Eu mesmo já admiti no começo desse texto, que esses tipos de dramas são quase todos iguais. Mas não seria interessante ao contar uma hisótia como essa, retratar outras situações para contar a mesma história? Do que repetir a cena do sexo onde a mulher já sabe do marido, ou quando o amante cobra do seu amor, mais atenção por estarem se vendo tão pouco? Depois dessas impressões, e com uma sensação do desenrolar dessa primeira parte ter bebido na fonte de Um Diário de Uma Paixão (aqui não vou dar spoliers), o filme começa a contar sua própria história, emocionante, mas ainda sim não consegue ser um filme tão surpreendente. Mas continua valendo a pena assistir. Contado em dois tempos, o filme ganha ponto ao contar a história através do drama da esposa. My Policeman consegue ser uma história gostosa de se ver. E mesmo diante de algumas cenas que parece já termos visto tantas outras vezes, consegue nos emocionar em duas cenas pequenas, de pouco ou nenhum diálogo, mas muito fortes e emocionantes.
Uma é quando a personagem de Emma desabafa com uma amiga confidente, sobre a tendência homossexual do marido. E um diálogo até um tanto empodeirado para os anos 50, a amiga tenta mostrar um outro lado da história, confessando também sua homossexualidade. E nessa cena ela dá um tapa sem luvas, quando em poucas palavras diz a amiga que de repente, em alguns segundos, ela não a vê mais como a mesma pessoa, por conta da novidade sobre sua sexualidade.
E numa outra cena quando a história já está caminhando para o desfecho, e a esposa de Tom deixa o casamento no qual está presa há tantos anos, no banco de trás de um carro, parece conseguir sentir pela primeira vez uma grande sensação de alívio e liberdade ao dançar sua mão em encontro com o vento pelo lado de fora da janela do carro.
Meu Policial é a história não de um homem que tem uma relação homoafetiva as escondidas em pleno anos 50, da esposa e da sociedade. Mas sim de uma mulher que abre mão de tudo, faz escolhas erradas, em prol de um relacionamento que já começou errado. É uma linda história sobre amor, mas sobre o verdadeiro amor. Não o amor romântico do felizes para sempre, que tudo é maravilhoso. Mas o amor entre três pessoas, que apesar suas posições e escolhas erradas que levaram muita tristeza para ambos, não deixa de ficar claro o sentimento verdadeiro que cada um tenha investido, dentro de suas condições, e de seu amadurecimento.
Baseado em um livro com o mesmo título, de Bethan Roberts, My Policeman é uma produção da Amazon Prime Video, dirigida por Micahel Grandage, que entrou hoje no catálogo da plataforma.