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    After 4 – Depois da Promessa
    Críticas AdoroCinema
    2,0
    Fraco
    After 4 – Depois da Promessa

    Voltando aos mesmos problemas

    por Nathalia Jesus

    Após o lançamento da primeira trilogia, entre 2019 e 2021, After 4: Depois da Promessa representa um novo capítulo para Tessa e Hardin e traz uma história menos cansativa que as anteriores, mas tão superficial quanto. A franquia continua se apoiando nos clichês românticos que são sua fórmula de sucesso — e não há problemas nisso —, mas é nítido como falta consistência para segurar o desenvolvimento das tramas, tornando pouco necessária a produção de mais filmes derivados dos livros de Anna Todd.

    Em After 4: Depois da Promessa, vemos Hero Fiennes Tiffin retornando para o papel de Hardin Scott e Josephine Langford voltando à pele de Tessa Young. No enredo do novo filme, Hardin está lidando com a descoberta de seu novo pai de maneira destrutiva, ao passo em que Tessa tenta salvá-lo, mas a jovem também sofre uma perda significativa que a impossibilita emocionalmente de lidar com os problemas alheios.

    Isso os leva até um cenário em que precisam se separar para lidar com o próprio passado, o presente e ao que pode direcioná-los a um futuro que imaginaram para si, individualmente. Tessa então se muda para Nova York e começa a trabalhar em uma cafeteria enquanto se prepara para entrar em uma nova faculdade, enquanto Hardin está em Londres, fazendo terapia, tratando seu problema de alcoolismo e escrevendo um livro chamado After, baseado em sua história com Tessa.

    A franquia After continua andando em círculos

    Dadas as informações acima, é perceptível como a história de Tessa e Hardin ganhou nuances que vão além do relacionamento iôiô (ou “vai e volta”, para os mais jovens) e do sexo como resposta para todos os problemas — situações estas criticadas no próprio longa-metragem e soam quase como uma metalinguagem. No entanto, o filme continua repetindo erros antigos que incluem a insistência desnecessária em enredos que já vimos acontecer nos filmes anteriores e a redução das subtramas para destacar um casal que não funciona e não apresenta grandes evoluções em sua jornada.

    Quando vemos Tessa e Hardin passando por algum problema no relacionamento, sabemos que nada poderá se desenvolver a partir dali que não seja sexo ou o desmoronamento de seus mundos individuais. Se Hardin passa por uma decepção familiar, essa situação é minimizada para alcançar o objetivo de uni-los novamente. Se Tessa está triste por algum motivo, os dois se reúnem com a interferência de alguém que jamais é importante o suficiente para ter mais tempo de tela.

    Divulgação/Diamond Films

    Isso nos dá a sensação de que nada e ninguém tem relevância para a história se não servirem para ajudar Tessa e Hardin a se esbarrarem novamente. Esse mau aproveitamento dos personagens secundários nos priva de conhecer personalidades interessantes como as de Landon (Chance Perdomo), meio-irmão de Hardin, ou Steph Jones (Khadijha Red Thunder), primeira conexão que Tessa teve na faculdade e foi completamente esquecida no último filme. Tudo isso para enfatizar o protagonismo de dois personagens principais que não foram cativantes o suficiente até agora.

    Os personagens secundários são tão pouco relevantes para a história que a frequente troca de elenco para personagens como a mãe e os patrões de Tessa ou o meio-irmão de Hardin parecem não ter afetado minimamente a produção dos filmes. E, sem nenhuma subtrama desenvolvida o suficiente, voltamos a atenção para tudo o que resta em After: o casal de protagonistas cuja história anda em círculos e é tão previsível que podemos imaginar cada pedacinho dela sem nem ter lido os livros que originaram a saga.

    Tentativa de inovação

    Apesar da falta de sustância narrativa dos protagonistas, seria um pouco injusto dizer que After 4: Depois da Promessa só tem pontos negativos quanto ao desenvolvimento de Tessa e Hardin. Pela primeira vez em quatro filmes, vemos os protagonistas seguirem seus caminhos individuais de maneira muito mais interessante do que quando estão juntos — e isso não tem nada a ver com o relacionamento complicado deles, e sim com o quanto entregam pouco conteúdo como casal. O filme nos traz uma versão melhorada dos dois, embora a intenção, no fim, seja desenvolvê-los como pessoa para (adivinhe) voltarem a namorar em algum momento.

    Dessa vez, existe um esforço verdadeiro para que os dois se desenvolvam e, apesar do quão pouco convincente seja a evolução deles, a história caminha para trajetos novos que geram uma mínima empolgação pelo quanto Tessa e Hardin aprenderão sendo adultos e responsáveis pela primeira vez. Aqui, a história ganha alguma densidade, mas conseguimos ver que a atuação da dupla principal continua sutilmente presa em suas versões antigas.

    Enquanto Hero Fiennes Tiffin tem menos dificuldade para abraçar um Hardin mais maduro e autoconsciente, ainda vemos traços de sua versão inicial. Já Josephine Langford deixa esse limite ainda menos notório e não consegue fazer essa transição. Percebemos que a Tessa independente de Nova York apresenta os mesmos comportamentos que a adolescente que vivia em uma república universitária bancada pela mãe — tudo o que muda nela é o cabelo, que agora ganha uma franja, mas a personagem continua insossa, com poucas facetas.

    Divulgação/Diamond Films

    Seria um erro classificar o quarto filme da franquia After como irrelevante, considerando que faz parte da saga que é uma das maiores atrações adolescentes do cinema atualmente e os fãs permanecem fiéis esperando por uma nova atualização da história de Hardin e Tessa. Não importa o quão quadrados sejam os diálogos ou pouco desenvolvidas sejam as tramas, a franquia é comandada por criadores que sabem cativar o público-alvo do filme.

    Isso é um acerto, faz parte de uma estratégia de se colocar a serviço do fã, não importando a reação ríspida da crítica especializada ou do público geral. Mas também pode ser um tiro no pé, já que não parece haver esforços em expandir a área de interessados na trama. De qualquer forma, tem demanda, e se a dinâmica não funcionasse, não estariam realizando tantas sequências para After.

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