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    A Pequena Guerreira
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    A Pequena Guerreira

    Descobertas em meio ao caos

    por Barbara Demerov

    Não fosse a temática histórica e social presente em sua camada mais profunda, Beans poderia ser classificado como um simples filme coming of age. O brilho da produção recai justamente nessa composição de aspectos tão distintos um do outro: a história individual da pequena Beans, uma garota Mohawk, e a história real da Crise Oka, que durou cerca de três meses em Quebec, no Canadá, e resultou em muita violência.

    Dirigido por Tracey Deer, o longa narra este conflito através do olhar da protagonista de 12 anos, que simultaneamente à crise de sua comunidade, também vive uma dentro de si. Com a pressão da mãe para entrar em uma escola particular composta por alunos brancos, Beans (cujo nome real é Tekehentahkhwa) parece não se conhecer tão bem neste ponto da vida.

    Afinal, quem, aos 12 anos, já está completamente preparada para o mundo lá fora? Introduzindo essa questão para a composição da personagem, o filme transforma a crise na comunidade em si numa espécie de treinamento para a protagonista -- o que acaba por ser algo bem aproveitado e dosado entre o arco individual, que acaba por ficar mais em destaque. 

    No entanto, a dinâmica de Beans com seus novos amigos da comunidade, também Mohawks, traz certa irregularidade ao ritmo do filme no todo. Sua relação com uma amiga em particular, além de demorar para se tornar algo realmente sincero e bilateral, é inserida abruptamente para fazer com que a protagonista vivencie uma outra perspectiva da vida: com mais liberdade e sem tantas regras já estipuladas.

    Deer utiliza do estilo já clássico de colocar sua personagem no mundo para que, só depois de entender o nível de alguns sofrimentos (especialmente causados por outros jovens que se passam por amigos), saiba que a vida de antes não era tão ruim assim. E o cenário social, apresentado aqui de forma muito crua, exalta essa insegurança com o "mundo lá fora" que Beans passa a conhecer lentamente. Sair de casa nunca foi algo tão difícil para a jovem e sua família.

    Beans mescla momentos leves com a intensidade (e intolerância) que somente a vida real poderia proporcionar. Alternando conflitos com o universo particular da garota de 12 anos que evita falar seu nome de verdade em público para não soar complicado, o filme cativa pela pureza e simplicidade ao tratar de certos temas, tais como as descobertas na juventude.

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