Sempre que lia algo sobre "O Quarto do Filho" via elogios como estarrecedor, extremamente desolador e humano. Tantos elogios ao filme acabaram criando em mim uma grande expectativa por ver "O Quarto do Filho", vencedor da Palma de Ouro em Cannes. Mas talvez tenha sido justamente por causa desta alta espectativa que tenha saído um tanto quanto decepcionado com o filme. Não que "O Quarto do Filho" seja ruim, pelo contrário, é um bom filme. Trabalha muito bem como a morte de um de seus integrantes pode afetar a vida de uma família como um todo, deixando a todos perdidos em seus mundos. A dor sentida pelos parentes de Andrea após sua morte é palpável, você a percebe em cada expressão do rosto dos atores principais. Há ainda boas atuações de Laura Morante - belíssima - e Jasmine Trinca, que interpretam respectivamente mãe e irmã de Andrea. Porém, o filme tem também seus defeitos. Há uma irritante concentração de cenas em cima de Nanni Moretti, diretor/protagonista do filme. É claro que é normal que o ator principal de um filme apareça na maior parte das cenas de um longa-metragem, mas em "O Quarto do Filho" há um grande exagero, pois boa parte das cenas enfoca o personagem de Nanni sozinho ou com seus pacientes. Além disso, Nanni não está bem em cena. Apático e burocrático, poucas são as vezes que percebemos nele um sofrimento tão forte quanto o de sua esposa e filha. Outro problema de "O Quarto do Filho" é que o filme possui várias cenas simbólicas, que apesar de representarem algo dentro da trama não soam como naturais e sim como algo ensaiado pelo diretor. Para um filme que se propõe a mostrar o relacionamento íntimo de uma família, tal "falsidade" soa estranho. O próprio final do filme é uma destas cenas. No geral, "O Quarto do Filho" é um bom filme, mas que a meu ver vem sendo extremamente superestimado pela crítica em geral e, principalmente, assim o foi no último Festival de Cannes, onde houveram filmes que mereciam mais a Palma de Ouro."