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Voltando aquela positiva onda de excelentes filmes desta vez um que há anos, desde que comecei a assistir House of Cards prometia ver e nunca conseguia ou simplesmente esnobava, sabe-se Deus porquê, sabendo que era um filme cuja temática me cativa e sem contar que estamos falando de Kevin Spacey (que não é este Deus da dramaturgia, mas nestes filmes mais pirados ele se sobressai). Finalmente fui conferir e me arrependo arduamente de ter perdido no mínimo 15 anos sem ter assistido esta obra prima mais de uma vez, e quando falo obra prima não é apenas pela magistrosa atuação do “Presidente”, também por todas as nuances que o filme nos remete. Confiram a “rezenha” crítica de K-PAX: O Caminho da Luz.
O nome não instiga nenhum marketing para si, tanto que a costumeira distribuição brasileira resolveu adicionar ao nome original os dizeres “O Caminho da Luz” que mais abaixo saberão o porquê e que neste caso tem toda a significância, diferente de muitos filmes com o título alterado ou traduzido por aí.
O personagem de Kevin Spacey chama-se Prot, um homem misterioso, que vive dizendo ter vindo do planeta K-Pax, distante 1000 anos-luz da Terra. Por causa disto ele é internado em um hospício, onde conhece o Dr. Mark Powell (Jeff Bridges), um psiquiatra disposto a provar que ele na verdade sofre de um grave distúrbio de personalidade. Mas as descrições de Prot sobre como é a vida em seu planeta acabam encantando os demais pacientes do hospício, fazendo com que eles queiram ir com Prot quando ele diz que está próximo o dia em que deverá voltar ao seu planeta.
O filme divaga sobre discussões bastante pertinentes, inclusive, tornou-se ainda mais atual em relação a data que o filme foi lançado. Quando se trata dos duvidosos e viciantes tratamentos psicológicos através de remédios, as discussões e situações contraditórias entre Prot e o psicologo Mark são um tapa com luva de pelíca na cara dos mais atentos ou também àqueles que acham que ainda estão vivos apenas à base de remédios inventando inúmeras desculpas esfarrapadas.
Fora isso, o até então ganhador do Oscar de Melhor Ator já nos primeiros segundos mostra o quão foda é como personagem, sua chegada em meio a um feixe de luz com aqueles óculos vermelhos dão o toque de mistério, e em sua primeira expressão já nos prende, e isso destoa pelo filme todo. Porque além dos trejeitos de Prot, em vários momentos o personagem esteve sob hipnose e o ator muda drasticamente a interpretação, fora outros momentos igualmente incríveis, como a memorável cena onde Prot come as frutas na frente do psicologo, inesquecíveis.
Relativiza a ideia de loucura, denunciando a institucionalização da mesma, com um final inspirado em Nietzsche e seu “Amor Fati” (Eterno Retorno).
Maravilhoso: Inspirador, delicado, cheio de minúcias emocionantes para quem consegue perceber, principalmente na transição do segundo para o terceiro ato quando é entregue o que o telespectador mais ânsia, ali dependendo do seu estado de espírito pode até chorar, porque não?
Além do ceticismo dos médicos e a constante provação que Prot os faz passar (de forma bem convincente por sinal) o filme entra de cabeça na ambientação do próprio hospício e os anseios dos que lá estão, até então sendo tratados a base de remédio apenas procrastinando seus distúrbios, sendo que quando surge um ser com tamanha elevação espiritual, apenas com uma boa conversa e entendendo de fato o que estas pessoas precisam “as cura”.
Se analisarmos um pouco mais afundo conseguimos inclusive entender como nossa sociedade destroi os que até inconscientemente destacam-se, todos os que perturbam a ordem social com sua mera presença por mais elevado que seja o espírito desses como é o caso do protagonista da trama (vide Jesus Cristo também, mas aí poderia escrever uma “rezenha” exclusivamente sobre este tema. O filme nos faz questionar não só sobre se Prot é de fato um louco como também sobre a loucura institucionalizada em nossa sociedade tida como normal.
É o tipo de filme que foi subestimado quando saiu, muito por conta do simplório e confuso nome, mas que nunca perderá a essência, e que tornou-se atemporal e com um dos melhores plot twisties (desfechos) do cinema deixando você por dias pensando e analisando várias teorias.
Iria assistir de novo? Com certeza.
Minha nota é 5/5.