Um beijo de despedida
por Katiúscia ViannaO ano era 2018. As comédias românticas estavam meio abandonadas pelos grandes estúdios, mas a Netflix se encontra com um sucesso inesperado nas mãos: A Barraca do Beijo. Do nada, eu tinha que explicar pro meu chefe quem era Joey King — até então mais conhecida por Invocação do Mal, mas eu conhecia mesmo por Ramona e Beezus. Logo, as continuações foram inevitáveis. Mas, três anos depois, chegou a hora de dizer adeus para essa história.
A Barraca do Beijo 3 mostra as últimas férias de Elle (Joey King) antes de ingressar na faculdade. O problema? Ela ainda não escolheu onde quer estudar. Durante toda sua vida, ela planejou seguir para Berkeley, na Califórnia, ao lado do melhor amigo e cunhado: Lee (Joel Courtney). Mas, recentemente, a garota está em dúvidas se vai para Harvard, em Boston, para ficar perto do namorado, Noah (Jacob Elordi). Mas isso é apenas o pontapé inicial para uma série de confusões e aventuras, num verão que mudará a vida do trio para sempre.
A Barraca do Beijo 3 tem momentos divertidos
Quando eu te digo que isso é somente o começo da história, não estou apenas fazendo uma descrição bela da trama de The Kissing Booth 3 (no original). Essa questão da faculdade é resolvida em vinte minutos de filme (para ser abordada novamente nos vinte minutos finais). De resto, ainda sobra uma hora e dez minutos de duração do longa. Para quê? Para confusões simplistas de verão e diversas discussões de personagens imaturos que parecem ter 8 anos ao invés de 18.
Para ser completamente justa, o filme dirigido por Vince Marcello tem duas sequências bem legais — ambas derivadas do segundo maior arco do filme. Nele, Elle e Lee decidem fazer uma lista de desafios de verão, com loucas aventuras. A maioria só serve para fazer mais montagens frenéticas, que se tornaram, infelizmente, marca registrada da franquia. Mas alguns momentos se destacam. Dentre eles, está uma divertida corrida de kart, onde as fantasias da dupla são perfeitas e criam uma competição divertida com o restante do elenco jovem.
Outra sequência legal é um flash mob ao som de "Shut Up and Dance" da banda Walk the Moon - cujas canções já apareceram em outros filmes da saga, Flash mobs já saíram de moda faz uns dez anos, porém confesso que tenho coração fraco para qualquer cena musical, se ela for bem feitinha. E aqui, ela realmente funciona, finalmente fazendo bom uso dos coadjuvantes jovens que não tinham função nas outras duas tramas.
A Barraca do Beijo 3 apresenta subtramas demais
Porém, essas sequências legais de A Barraca do Beijo 3 se perdem numa sequência que tem medo de ser desnecessária, então surge com diversas subtramas para tentar preencher o tempo. Tem a questão da faculdade, ai volta o triângulo amoroso com Marco (Taylor Zakhar Perez); chega Chloe (Maisie Richardson-Sellers) com sua própria história; ai Elle arruma um emprego, tem um problema inesperado com a família dela também... Até a mãe de Noah e Lee ganha seu momento pra brilhar. Afinal, quando você tem a estrela de Clube dos Cinco e A Garota de Rosa-Shocking, você tenta aproveitar, né Molly Ringwald?
O problema é que essa quantidade absurda de informação, adicionada com a imaturidade de seus protagonistas tira o foco daquilo que realmente interessa: o desenvolvimento de Elle, Noah e Lee. Olha, tudo bem você querer fazer uma franquia de sucesso. Já dizia a frase "se a vida te der um limão, faça uma limonada". Porém, não dá para seus personagens repetirem os mesmos erros a cada filme, sem terem aprendido nada na aventura anterior. É necessária uma evolução, seja para virar mocinho ou vilão.
A mensagem final de A Barraca do Beijo funciona?
Por trás de toda essa trama repetida, existe uma história sobre a dificuldade de dizer adeus para a vida nostálgica e abraçar a fase adulta de sua vida. Isso é um tema interessante; não ver Lee chateado porque Elle quebrou mais uma regra da lista de BFFs. Demora muito para o filme questionar o que a protagonista realmente quer. O diretor Vince Marcello também é roteirista da trilogia, então ele teve três oportunidades para desenvolver o verdadeiro talento de Elle, mas deixa isso para os minutos finais da saga.
Nesse clima, é meio difícil não comparar A Barraca do Beijo 3 com Para Todos os Garotos: Agora e Para Sempre. Afinal, ambos são encerramentos de trilogias românticas teens, iniciadas em 2018 na Netflix. Enquanto a história de Lara Jean (Lana Condor) apresenta maior consistência e charme, a jornada de Elle ganha alguns pontos por seu final mais realista. Pena que demorou tanto tempo para chegar lá...
P.S.: Palmas para quem teve a ideia de como inserir uma barraca do beijo em A Barraca do Beijo 3. Icônico.