Madres Paralelas
Espanha, 2021
Janis e Ana dividem um quarto de maternidade, enquanto esperam por seus respectivos partos.
Ambas engravidaram de um encontro fortuito, respectivamente.
Enquanto Janis comemora a gravidez inesperada aos 40 anos; Ana, adolescente, tem dúvidas e medos; pois mal sabe quem é o pai.
A criança de Ana é fruto de um encontro confuso e violento.
A independente Janis, engravida de um colega e resolve, assumir sozinha, a maternidade. Vem de uma longa linhagem de mães solteiras e conforma-se com o fato.
Nas horas que antecedem os nascimentos, conversam, cuidam uma da outra e trocam telefones. Para um futuro encontro, quando as bebês estiverem maiorzinhas (as duas esperam por meninas).
Um ato negligente por por parte do hospital, une as duas mulheres e entrelaça, a vida de ambas, de maneira avassaladora e irreversível.
Angústia, culpa, ternura e atração sexual passam a permear a relação de Janis e Ana. Há, ainda, sororidade entre elas e boas intenções.
É esse o enredo do novo filme do invariavelmente sublime, Pedro Almodóvar.
Estão presentes clichês do universo do diretor: melodramas, cores vibrantes, toques de humor, histrionismos, sexo caliente e os temas recorrentes, como questões mal resolvidas com matriarcas. Mas repetições, no mundo de Almodóvar, não soam requentadas. Tem sempre frescor e relevância. Coisa de mestre, íntimo do universo feminino.
A película, ainda tem fôlego para abordar o passado ditatorial sofrido da Espanha de outrora, mas que ainda ecoa e faz sofrer os conteporâneos de agora. Ninguém sairá incólume.
Final feliz, simbólico e mais Almodovariano, impossível.