Um "adeus" extra
por Barbara DemerovApós o amplo alcance do filme interativo de Black Mirror, Bandersnatch, a Netflix segue dando atenção a este método inusitado de se acompanhar uma história. Agora, o espectador que assistiu às aventuras de Ellie Kemper em Unbreakable Kimmy Schmidt pode se divertir um pouco mais neste especial que possui pouco mais de 1h de duração.
Apesar de ser um tanto diferente de Bandersnatch por ter uma narrativa mais coesa com relação aos episódios da série como um todo, Unbreakable Kimmy Schmidt: Kimmy vs Reverendo não inova no sentido de dar mais liberdade ao espectador-jogador. Por mais divertido que seja "errar" algumas opções (como escolher Jacqueline para viajar com Kimmy ou deixar um bebê sozinho dentro da mercearia), nenhuma delas traz um final alternativo à altura do original.
Dependendo de algumas escolhas, é preciso voltar um pouco atrás - mas ainda assim há desvios tão divertidos quanto a estrada principal da narrativa. Como já era de se esperar, o elenco de Unbreakable Kimmy Schmidt continua tão bom quanto o roteiro que unifica situações absurdas com diálogos caricaturescos.
Por isso, este especial interativo não só figura como mais um exemplo do que a tecnologia pode trazer ao espectador em questão de expandir a experiência de se assistir a uma série em casa, como também é uma simpática revisita ao universo peculiar de Kimmy. A adição de atores como Daniel Radcliffe e Johnny Knoxville (Jackass) no elenco são acertadas e evidenciam ainda mais o tom nonsense (sem sentido) que sempre funcionou tão bem ao longo das quatro temporadas da série.
E, apesar de ser inusitado, o casamento chique de Kimmy com Frederick (Radcliffe), jovem que faz parte da realeza britânica, se apresenta como um ponto importante para a protagonista finalmente recomeçar sua vida a partir do desfecho da série. Mesmo com a missão contra o Reverendo (Jon Hamm) tomando um caminho contrário ao da realização da cerimônia, o especial traz uma chance inesperada para Kimmy revisitar o passado pela última vez. Não que ela precisasse de redenção, mas o fato de o Reverendo estar na cadeia parecia não ser o suficiente para a jovem.
Assim como nos episódios exibidos a partir de 2015, o desfecho para além do que já vimos na 4ª temporada de Unbreakable Kimmy Schmidt passa num piscar de olhos. Os realizadores (o que inclui Tina Fey) sabem que, mesmo com alguns eventos não fazendo o menor sentido, a produção funciona por apoiar-se justamente nesta característica. Não é como se este episódio-extra seja absolutamente necessário para fechar o arco de Kimmy, mas, com tanto carisma envolvido, é difícil não se render a mais um adeus.