Um dia de fúria já provoca nossa empatia desde o início, mostrando o estress inerente do trânsito e da rotina metropolitana de forma geral. Quem nunca quis brigar com um atendente do McDonald's? Pois é, é impossível não se ver na pele de Foster (Douglas) várias e várias vezes.
Com uma narrativa simples e linear, sem nenhum recurso mirabolante pra atrair a atenção do público o filme investe numa análise social pesada sobre o ser humano contemporâneo, um animal preso entre os instintos simiescos e o microchip de computador. Metade bicho, metade máquina, completamente vazio.
Os dois personagens principais são, no final das contas, antíteses por fora mas idênticos por dentro, dois homens no limite da razão. Um se apoia no seu instinto primitivo pra fazer justiça, outro em uma lógica despersonalizada de "dever à ser cumprido". Porém ambos só estão tentando organizar uma situação caótica e insuportável pra escapar da loucura.
Enquanto o filme foca no aspecto de suspense psicológico tudo são maravilhas, contudo quando próximo ao fim ele descamba pra um filme policial bruto a narrativa perde vigor. Foster se revela um mero sociopata, não muito complexo e baixo, bem diferente do personagem que projetamos no início do longa. É uma pena.