Em Um Dia de Fúria, um dia comum de calor e congestionamento leva um homem aparentemente tranquilo a uma espiral de raiva, ao abandonar seu carro e caminhar pelas ruas de Los Angeles, assumindo um comportamento de vigilante. O filme, que concorreu ao prêmio principal em Cannes, oferece uma visão realista e sombria da vida urbana, onde a violência e a alienação são palpáveis nas grandes cidades. A história de um homem que, sobre o peso da frustração, explode de maneiras violentas, reflete a tensão social e o desgaste mental provocados pelo ritmo frenético da vida moderna.
Michael Douglas, no papel de William Foster, traz complexidade ao personagem ao humanizá-lo progressivamente. Inicialmente visto como uma figura intransigente e descontrolada, ele vai mostrando as fissuras de um homem à beira do colapso, o que torna sua jornada ainda mais angustiante. O filme, embora exiba de forma crua a violência, não perde a oportunidade de explorar a humanidade por trás da fúria, com Douglas conseguindo mesclar vulnerabilidade e desespero com sua crescente radicalização.
A direção de Joel Schumacher também merece destaque, pois constrói uma atmosfera tensa, utilizando a cidade como um personagem que, com seu caos e apatia, contribui para o colapso de seu protagonista. É um filme que vai além da violência por si só, oferecendo um estudo sobre a sociedade moderna e o impacto do isolamento e da frustração no comportamento humano.